No dia 27 de maio começava realmente a prova, ou parte importante da prova, pois foi o dia da viagem para Floripa.
A viagem para uma prova de triathlon nunca é simples. Nunca.... A complexidade de se locomover e levar tudo que precisa é muito grande...
Tudo começa pela bike e como enviá-la de forma segura. As bikes speed (road ou time trial) são normalmente feitas de carbono ou de material leve, e consequentemente não muito resistentes.
Para o Ironman 70.3 de Brasília eu mandei a bike apenas com "espaguetes de piscina" e plástico protegendo a Cervélo, mas desta vez pedi emprestado uma mala bike da Lu Porto e ela me ajudou a proteger bastante a bike durante a viagem.
Para isso, contratei o serviço da All Distances que incluíam:
- Revisão Pre-Embarque
- Desmontagem da bike e colocação na mala bike
- Montagem da bike em Floripa
- Revisão Pré-Prova
- Desmontagem pós-prova e colocação na mala bike
- Montagem da bike em Sampa
Não foi barato, saiu por R$350 reais, mas acho que o preço é justo pensando no tanto que já gastei até o momento para fazer a prova. E, em caso de acidente, o estrago psicológico de conseguir uma outra bike ou peça antes da prova ia ser horrível.
A bike ficou fantástica depois da revisão, estava com as rodas ZIPP de competição, as marchas entravam facilmente, o FIT estava perfeito... Tudo conforme o figurino.
A Cervélo ficou assim na mala bike:
Recebi este video mostrando o transporte de bike "in natura" (sem mala rígida) e olha o perigo da bike cair da esteira ou o jeito "carinhoso" que ela vai descer / subir do avião.
Nunca mais mando minha bike sem uma mala rígida apropriada. É correr risco demais...
Bike embalada, precisava arrumar as "tralhas" auxiliares em malas normais. E ai é outra luta, porque a quantidade de coisas que precisamos levar é imensa.
Sapatilha, tênis de corrida, tênis reserva, capacete, luva, suplementos, viseira, cintos de número de peito, pneu reserva, ferramentas para trocar pneu, gel, roupa de borracha, óculos, remédios, protetor solar, caramalholas, macaquinho de corrida, relógio gps além de toda a roupa para o dia a dia que antecederiam a prova.
Foram apenas mais duas malas, cheias de coisas até transbordar. E olha que ficou mais uma mala para a minha irmã levar para mim no sábado.
O vôo para Floripa era as 6:50 da manhã, e para não correr riscos acordei bem cedo, chamei um táxi com porta malas grandes e me programei para chegar o mais rápido possível porque sabia que ia dar trabalho despachar toda esta bagagem.
Como previsto, uma pequena chateação no check-in (ou melhor, despacho de bagagem porque já havia feito o check-in no celular) porque só a bike na mala pesava os 23 quilos permitidos pela TAM. Pelos outros 4 quilos de bagagem eu paguei a pequena bagatela de R$80.0 de excesso.
Se não me engano paguei R$150 reais por "perna" do voo e R$80.00 por 4 quilos a mais de malas, um absurdo não? Nem me preocupei ou discuti, paguei o valor e a vida que segue.
O voo saiu no horário, o que é raridade no Brasil, e estava muito vazio. Acho que viajei com mais dois ou três atletas, pelo menos foi isso que vi de bikes no embarque/desembarque.
Dentro do voo uma criança sentada na minha frente que estava com a macaca. Queria conversar com todo mundo, com seus pais, com o irmão, com as aeromoças. Ela estava sentada na janela e dizia que queria sentar ao lado do pai no banco do meio. Depois queria sentar na janelinha para ver lá fora. Quando acabou o assunto, ela começou a cantar o alfabeto. Ai, depois de umas milhões de vezes do alfabeto, começou a cantar os números.
Eu dormi... Não muito, mas consegui tirar um cochilo leve.
Ao chegar no aeroporto, uma chuva bem forte em Florianópolis. Putz, eu não tinha visto a previsão do tempo e a chuva me assustou. Será que ia chover até a prova?
O caminho do avião até o saguão do aeroporto foi com guarda-chuva da TAM e notei que a passagem dos pedestres era marcada com bonequinhos "correndo". Em Floripa tudo "cheira" esporte :-)
Peguei as malas na esteira, esperei a bike chegar pela porta principal do desembarque e fui pegar o carro que aluguei.
Em Floripa é muito caro andar de carro, porque a ilha é enorme e tem várias rodovias cruzando a cidade. Acho que um táxi do aeroporto até Jurere Internacional sai em média R$130.00 reais, e o aluguel de um carro fica em R$50.00.
O pessoal da locadora demorou um pouco e quem foi me atender era um ex-triathleta que já fez o Ironman algumas vezes. Ele tentou ser simpático e ficou puxando assunto dos treinos, da ansiedade, etc. e falou algo que me marcou. Ele disse que a pior coisa do Ironman é o dia seguinte da prova, fazendo ela bem ou mau, o sentimento que ficava é que o mundo estava vazio, sem mais desafios.
O que ele queria dizer, no meu entendimento, é que como o Ironman é muito difícil todos os outros desafios do parecem sem expressão ou que nada mais dá medo.
Fiquei pensando no que ele falou. Concordo e discordo. Ele tem razão por falar que ao realizar o Ironman o sonho vira realidade e não temos mais aquele medo de encarar o desafio, mas acho que no fundo sempre tem outras provas para nos dar frio na barriga. Mesmo o próprio Ironman de Floripa, sempre podemos voltar para fazer um tempo melhor.
Eu ainda quero fazer 10 km em menos de 40 minutos... Quero fazer uma meia para menos de 1 hora e 20... Fazer um olímpico para 2 horas e 15 minutos... Fazer um 70.3 em menos de 4 horas e 40 minutos... Tem muita coisa para alcançar ainda na água também.
Peguei o carro (um gol simples de 2014, pequeno, sem nada eletrônico, muito duro de dirigir), coloquei a bike e fui para o norte da ilha até a casa alugada pelo pessoal da assessoria da Mandi.
Gravei um vídeo durante o percurso para Jurere Internacional.
Muita chuva no trajeto todo... Reconheci parte do percurso da bike e notei que haviam muito buracos na pista, inclusive uma pista quase toda interditada com um buraco imenso cheio de água. Pensei imediatamente em ver a previsão de tempo e comecei a torcer para que parasse de chover e que aquele buraco fosse tapado.
Cheguei na casa e não percebi que haviam pessoas lá dentro. Fiquei de bobeira no carro e lembrei que no trajeto até o norte da ilha eu passei por uma loja da Decathlon (materiais esportivos) e resolvi ir lá gastar tempo.
E o que era só uma distração acabou virando momento de compras :-) Comprei barrinha de cereais, frutas secas, gel, câmera de ar, etc. Foi bom, os preços estavam razoáveis e eu teria que comprar de qualquer forma.
Notei também que havia um Shopping Center (Floripa Shopping) ao lado da Decathlon, e como ainda estava cedo, aproveitei e fui dar uma volta e almoçar. O que comi? Massa ... Desde quarta feira (dia 27/05) comecei a comer carboidrato e deixar uma boa reserva de energia para a prova de domingo.
Depois do almoço voltei para o norte da ilha e fui encontrar com o pessoal da casa, que eu não conhecia, diga-se de passagem. Me apresentei e tive a surpresa de saber que eles estavam no mesmo voo de Sampa para Floripa na manhã de hoje. Hahahhahaa, muita coincidência.
Conversamos um pouco e fui tirar um cochilo, a Mandi só chegaria a Floripa no final da tarde e tinha um tempo para "contar carneirinhos".
Próximo as 18:00 horas fui para o Aeroporto e peguei a Mandi toda cansada do dia duro de trabalho. Voltamos para casa, passamos no supermercado e compramos comida e fomos dormir.
O dia da viagem estava finalizado.
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