No dia 5 de abril, domingo de páscoa, participei da prova Ironman 70.3 de Brasília.
Esta prova tem a distância longa do Triathlon, com 1.900 metros de natação, 90 km de ciclismo e 21.095 metros de corrida (meia maratona). Também conhecida como Meio Ironman, pois é a metade da distância desta prova.
A origem do nome 70.3 é a representação da distância em milhas das três modalidades: 1.2 milhas + 56 milhas + 13.1 milhas, e por estratégia de marketing, os organizadores resolveram não mais chamar a prova de Meio Ironman (pode soar pejorativo) e transformaram todas as etapas mundiais em Ironman 70.3.
Eu realmente não sei por onde começar a minha descrição da prova. Queria falar do final e compartilhar a deliciosa sensação de ter participado de uma prova maravilhosa. Também queria pular alguns momentos ruins da natação... Vou narrar pela ordem cronológica, pois fica mais fácil de entender como foi esta minha experiência.
Já estava em Brasília desde o dia 3, sexta feira santa, e como dica a quem quer fazer uma prova de triathlon, não faça como eu e embrulhe a bike com proteções e despache em voos nacionais. A minha bike (Cervélo P3C) foi e voltou sem problemas, mas dá um aperto no coração imenso até você ver que a bike está inteira e funcional. Minha amiga Kamila (Kami) também mandou a bike assim e nada aconteceu. Mas, até aonde sei, um amigo em comum nosso teve um problema com a bike dele. E ai? Vai correr o risco? Eu não faço mais isso.
No sábado passei o dia inteiro "vivendo" a prova... Fui ao simpósio técnico (duas vezes, diga-se de passagem), me preparei e fiz o bike check-in, ganhei uma linda tatuagem com o número da prova (BIB), fiz a preparação das sacolas, etc. Relatei um pouco do dia 4 de abril no post abaixo:
http://omeuprimeiroironman.blogspot.com.br/2015/04/hoje-foi-um-dia-muito-legal.html
http://omeuprimeiroironman.blogspot.com.br/2015/04/hoje-foi-um-dia-muito-legal.html
A noite de sono do sábado (pré-prova) foi até razoável, depois de uma janta (massa, claro), double ckeck para ver se tudo estava OK, e fomos dormir as 21:00 horas. Tudo estava seguindo o figurino / planejamento até aquele momento...
Acordei as 4 da manhã, muito mais cedo do que precisava. Meu hotel ficava a 5 ou 6 quilômetros de distância do local da prova, dava para dormir mais um pouco, mas quem disse que eu iria conseguir?
O sono foi bom.... Estava cansado de um dia movimentado e com bastante ansiedade, mas tudo contribuiu para 7 horas bem tranquilas de sono. Boa companhia da Mandi, boa cama, silêncio, perfeito.
Tomamos um café da manhã leve, com bisnaguinhas (alguém imagina se eu iria deixar de comer isso?), mamão, suco de laranja, danone, banana, suplementos (vitaminas) e coockies.
Coloquei a roupa que iria fazer a prova, frequencímetro no peito, conferi tudo e parti para o local da prova com a Mandi (ainda sonolenta - tadinha). Não peguei trânsito, foi fácil de estacionar no local, tudo bem.
Para não dizer que estava tudo perfeito, lembrei ao chegar e estacionar o carro que deixei as garrafas de água para colocar nas caramanholas no hotel. Putz, e isso porque eu comprei 2 garrafas e fiquei me martelando "não posso esquecer, não posso esquecer, não posso esquecer" e esqueci :-) Consegui a água com a organização da prova depois, então tudo resolvido.
Encontramos a Lu Porto já no local. Logo em seguida apareceram o Cássio e o Carlão. Deixei a Mandi com eles e fui fazer os procedimentos preparatórios para a prova.
Entrei na área de transição, consegui a água para as garrafinhas, fui encher os pneus da bike para conferir se tudo estava OK. Havia uma pequena fila, mas nada que 10 minutos de paciência não resolvessem. Na fila encontrei o Caio Magano, que aparentava muita calma. Se bem que ele é calmo sempre.
Depois de conferir a pressão dos pneus, deixei a bike no meu box de largada e fui até as sacolinhas (especialmente na azul) para retirar a sapatilha e conferir o conteúdo e olhei se a sacola amarela estava ok.
Ao pegar a sapatilha lembrei que não havia levado os elásticos (gominhas de dinheiro) que usamos para prender as sapatilhas na bike para facilitar a saída da T1. Logo encontrei o Luiz Vergueiro na área reservada da transição e ele tinha 2 sobrando e me doou, então a segunda pendência estava resolvida.
Voltei para a bike, regulei as marchas com o volantinho (coroa pequena) e uma catraca leve, prendi as sapatilhas com os elásticos, coloquei a bolsa com os suplementos na bike, conferi tudo e estava terminado.
Ahhhhh... esqueci também de entrar com o capacete, mandei uma mensagem para a Mandi e ela me passou ele, voltei até a sacola azul e deixei junto com o resto do material.
Saí da área de transição e agora só precisava esperar hora do início da prova. Muito, muitos, muitos atletas fortes, tatuagens de Ironman de todos os estilos, bikes topo de linha, pessoas com cara de mau, sérias e compenetradas. O ambiente era extremamente competitivo e intimidador. Me sentia um alienígena no meio daquela multidão de pessoas que me pareciam seres superiores, inatingíveis, super-humanos. Só me acalmei de verdade (se é que isso aconteceu plenamente) quando me lembrei que não estava ali para enfrentá-los, e sim para percorrer o mesmo trajeto que eles. Mas, definitivamente, eles pareciam monstros.
Do lado de fora, quase todos os atletas da Run & Fun já haviam se encontrado no local definido pelo treinador Cássio (em frente ao M-Dot). Começamos a conversar, a distrair, a ajudar um ao outro a conferir detalhes e próximo as 6:15 a Lu Porto puxou o pessoal para o aquecimento da natação. Colocamos a roupa de neoprene, tiramos mais fotos e era hora de aquecer.
Confesso... Assumo... Externo: EU ESTAVA NERVOSO SIM.... Mesmo sabendo que a prova para mim, diferentemente dos meus amigos, era apenas um treino de luxo. Não sei se existe uma forma de encarar uma prova tão grande, tão organizada, tão envolvente como esta como um treino. O ambiente, os atletas competidores, a estrutura montada, o som, as bikes, tudo é tão bacana que todos ficam nervosos, até quem não está competindo.
A Natação
Fomos para a lagoa, num pequeno peer aonde os atletas estavam fazendo o aquecimento e depois de algumas palavras do treinador Cássio caímos na água. Fui nadando com o Gui e a Lu Porto até um certo ponto do lago, depois me distanciei deles e fui experimentar a flutuação da roupa. Na água doce a roupa boia um pouco menos, se eu parasse de mexer as pernas e braços, eu afundava. Teoricamente, não havia problema, mas isso deixa um pouco de um sentimento de insegurança para quem já teve um bloqueio com natação.
Entrou muita água nos meu óculos neste pequeno aquecimento (de uns 10 minutos no máximo). Tirei ele duas ou três vezes, tentei encaixá-lo de outras maneiras mas não ficou legal. Na última ficou bom, mas precisava acertar novamente antes da largada. Meus olhos ficaram vermelhos (irritados) com a água que entrou.
Saímos da água no horário de fechamento do aquecimento e ficamos reunidos todos no peer. Não só eu, todos ali estavam nervosos e era nítido. O Gui quase não falava. A Lu tinha uma cara de tensão. O Vergueiro estava tranquilo, agitado pelos suplementos dele, mas não apresentava muito cara de terror como a nossa. A Vera e o Fred bem mais quietinhos do que de costume. A Kami tremia, até perguntei se ela estava passando mal... Tadinha... O Cássio, Carlão, Poly e a Mandi estavam lá para nos apoiar.
A largada do Ironman 70.3 de Brasília é realizada com todos dentro da água. Existe uma boia branca que delimita até aonde os nadadores podem se aproximar e a largada só acontece quando todos os atletas estão na água e atrás desta boia, conforme foto abaixo.
Em algum momento qualquer do pre-largada eu perdi a explicação do treinador Cássio, que tem muita experiência em provas como atleta e professor, dizendo que deveríamos largar ao lado esquerdo (na foto do lado de cima) da boia branca, porque ali poucos atletas estariam posicionados e assim evitaríamos vários esbarrões, pancadas, chutes, braçadas, afobação inicial da largada. Pois bem, perdi isso.
Foi dado a largada dos profissionais masculinos, e a barriga gelou. Depois de 5 minutos as profissionais femininas saíram, e o coração pulsava mais forte.... A organização liberou a entrada na água dos amadores e era hora de começar a brincadeira.
Como não peguei a dica do Cássio, me posicionei à direita da boia. Estava sem muitas pessoas ao meu redor, achei que ali era um bom lugar. Não dava pé, então começamos a ter que ajudar a roupa na flutuação. Passado alguns minutos notei que eu estava rodeado de uma multidão (eram 1.200 inscritos na prova), e comecei a ficar um pouco mais nervoso. Outros minutos se passaram e estava impossível ficar lá sem se tocar em outros atletas, comecei a ficar com um leve desespero. Sai de onde eu estava e fui para o lado da boia branca. Outros minutos se passaram e meu novo ponto de largada estava também lotado de nadadores. O desespero ficou maior, fui para trás do grupo, mas estava muito cheio, nem para nadar cachorrinho era possível se mover.
Parece que foram horas para eu achar um lugar com menos pessoas, mas deve ter passado no máximo 5 minutos. Meu batimento cardíaco já estava muito acelerado, a água estava quente (24.5 graus) e a sensação de fobia aumentava.
Pontualmente as 7:00 horas foi dada a largada para o Ironman 70.3 de Brasília.
Muita água pra cima, muitas pernadas, braçadas e cotoveladas, muito desespero para conseguir um lugar para nadar. E não é maldade do pessoal, os toques acontecem porque todos estão muito juntos e querem apenas nadar. O vídeo abaixo mostra os momentos vistos de fora da água.
É lindo... Maravilhoso... Mas assustador para quem não se sente confortável na água. Muita gente, o sol pegando no rosto de frente, necessidade de respirar e nadar, é indescritível a sensação de euforia (e no meu caso de desespero).
Comecei a nadar, apanhar, bater, e a sensação de desconforto começou. Sentia muito calor, a roupa de neoprene pegando e me sufocando, os braços preso pelo tecido, muito ruim ficar ali. Como sempre me passou na cabeça o mesmo pensamento: O que diabos estou fazendo aqui?
Bom, segui em frente esperando as coisas melhorarem e nada. Queria nadar e não conseguia seguir num ritmo constante. Via as pessoas me atropelando, o calor dentro da roupa estava insuportável e queria desistir.
Depois de aproximadamente 300 metros de natação, desisti. O gráfico abaixo mostra a parada, a diminuição das braçadas e só não mostra a minha frustração.
Parei de nadar e fui sair da lagoa para tirar a roupa e ver se ainda dava tempo de recuperar a prova. Ao chegar na borda da lagoa vi que era tão alto que eu não conseguia subir. Sentia uma sensação horrível, batimentos cardíacos acelerados (nem estava tão alto assim, vendo agora no Garmin), vontade de ficar lá preso, com os braços para cima na borda e deixar tudo como está. Um homem estava próximo e perguntou se estava bem, disse que sim e só precisava respirar. Vi outra pessoa segurando como eu num peer, e não me serviu de consolo ver outros em situação de semelhante. Sério, se o muro do lago não fosse tão alto, tinha desistido ou pelo menos saído para tirar a roupa.
Passei entre 2 ou 3 minutos lá. Fiquei parado, imóvel, só procurando respirar. E foi a melhor coisa que fiz na prova (não, mentira, a melhor coisa foi a bike - risos). Acalmei, deixei a sensação ruim passar, voltei a ter batimentos mais controlados e decidi que iria voltar e terminar aquela natação de qualquer maneira.
Voltei para o curso da prova, vi que muitos atletas ainda estavam atrás de mim, entrei no meio de um grupo e voltei a nadar. Tranquilo, no meu ritmo, sem pressão.
A água quente e a roupa ainda me incomodavam, mas não era mais fobia, era só um obstáculo que tinha que ultrapassar. Outras pessoas ainda disputavam espaço comigo, mas sem aquele grupo imenso de atletas sedentos por braçadas.
Encaixei a velocidade sem muita técnica, mas fui embora. Na imagem acima eu marquei em verde qual seria o trajeto ideal para seguir, e a linha em roxo mostra minha trajetória realizada. Nadei muito mais que todos os outros atletas, me cansei mais só que assim, saindo da multidão, pude nadar tranquilo.
A primeira perna da natação tinha 800 metros, devo ter nadado 1.000 metros. Ao contornar a boia abri um pouco para a direita, mas o desvio não foi grande. Este trecho tinha 100 metros até a próxima boia. Só comecei a me sentir bem depois da segunda boia, porque o número de atletas próximos era menor, o desconforto com a roupa já tinha passado e comecei a lembrar de usar as braçadas longas que havia treinado.
Sabe o que aconteceu? Comecei a passar pessoas. Sim, nadando de forma correta o deslize na água é bem mais eficiente, canso menos e a natação foi melhor. Fiquei até um pouco empolgado em ver que eu estava mais forte que outros, mesmo que eles sejam mais fracos, mais velhos, ou qualquer outro motivo, eu estava voltando a fazer força de forma eficiente.
Foi assim até quase o final desta perna de 800 metros, quando vi que estava desviando da boia novamente, e tive que corrigir. Dava 5 ou 6 braçadas e olhava para frente até alinhar com a boia, e isso consumiu um pouco mais de energia. Passei a terceira boia e agora era só voltar para o peer.
Na volta ao peer notei muita ondulação no lago, nada comparado a nadar no oceano, mas estava um pouco mexido. Passei mais alguns atletas neste percurso de 200 metros e sentia a natação bem mais tranquila.
Ao cruzar a boia branca de largada lembrei do desespero que passei alguns minutos antes, até dei uma risada na água, e continuei até o peer. Enfim, acabava o sofrimento.
Sabe o que pensei, além de "que diabos estou fazendo aqui" depois que a natação encaixou? Não posso querer tirar o atraso na bike, porque já fiz isso em um Troféu Brasil do ano passado (novembro, se não me engano) e ferrou minha corrida no final. Então, a nova estratégia era pedalar consistentemente, como nos treinos, e esquecer a maldita água. (obs: mas não foi isso que fiz, soquei a bota na bike conforme relato mais adiante)
Se considerar o tempo apenas de movimento, minha natação foi até que razoável. Fiz um ritmo médio de deslocamento de 1:52 min/100m em 38 minutos segundo o Garmin. Mas, de fato a natação teve 40:06 minutos e saí da água na 95 colocação da minha faixa etária e 543 no geral com ritmo de 2:06 min/100m.
A natação foi ruim... Só não foi péssimo porque não desisti, mas tinha tudo para ser algo tranquilo... A água estava calma (mexida no final), a temperatura um pouco acima do agradável, sem correnteza e sem ondas... tinha que fazer melhor do que isso...
A natação teve 2.080 metros (era para ser 1.900), com 40 minutos de duração, com ritmo médio de 2:06 min/100m.
Ufa... Fim do pesadelo. Fico muito feliz de não ter desistido da água, senão não iria me perdoar nunca... Já me falaram uma vez: "A dor é passageira, a derrota é para sempre." Fiz, sofri e sai inteiro para contar o resto desta história.
A Transição 1 (T1)
Subi em uma rampa muito íngreme até o peer com ajuda do staff da prova. Cambaleando e sem muito fôlego, mas subi.
Ao sair da rampa vi outra equipe de staff tirando a roupa de neoprene do pessoal pedi rapaz para me ajuda. Ele se atrapalhou um pouco para tirar a minha roupa, demorou um pouco até achar o ziper, e ao tirar minhas mangas dos braços, a roupa pegou no relógio e ficou presa. Perdemos facilmente ali uns 30 segundos tentando soltar o relógio. Me abaixei, ele puxou a roupa pelas pernas que saiu com facilidade, agradeci e comecei a correr até o ponto de troca de roupas.
Encontre a Mandi e o pessoal da Run & Fun no caminho, dei um tchau para eles e segui até aonde estavam as sacolas. Peguei a minha azul, fui até o vestiário e comecei a me vestir.
Tudo é muito organizado na prova, cheio de equipe de apoio (staff) e muito bem sinalizado. O chão estava todo protegido com um piso de plástico, mas mesmo assim vi um rastro de sangue próximo às sacolas, alguém deve ter se machucado ali.
Peguei o capacete e coloquei de lado no chão. Afivelei meu cinto com o número de peito & gels (para a corrida, não para a bike), coloquei minha "banda/faixa" de cabeça (uma faixa que os tenistas normalmente usam para evitar que o suor caia nos olhos), coloquei a roupa de neoprene dentro da sacola, peguei o capacete e as sapatilhas, entreguei a sacola a um membro da equipe de apoio e, antes de sair, tomei um Gatorade que havia dentro do vestiário.
Outra ótima impressão da prova, dentro do vestiário haviam muitas cadeiras para troca, mesas, gente ajudando, etc. Além disso, havia vaselina, protetor solar, água e Gatorade. Fora do vestiário havia frutas e mais água para todos. Excelente a organização, nota 10 mesmo.
Sai em direção a bike com o capacete afivelado (acho que é obrigatório isso), corri por mais uns 50 metros até a bike, desencaixei ela do suporte no chão e fui empurrando ela até a área de saída.
A transição 1 (natação para bike) estava finalizada. Demorou muito mais do que eu previa, devido ao problema do relógio prender na roupa, porque fiquei numa pequena fila para o Gatorade, porque estava afobado, mas foi razoável.
A transição 1 teve 4 minutos e 21 segundos de duração, com mais ou menos 400 metros desde a saída do peer até a saída da bike na rua.
O Ciclismo
A bike já estava preparada com as sapatilhas presas com elásticos. Eu estava sem meia, com o capacete afivelado, número do peito virado para as costas e empurrando a bike. Assim que passei pelo sensor de cronometragem, dei um impulso na bike, coloquei meu pé em cima da sapatilha e comecei a pedalar devagar.
Com um pouco de velocidade e estabilidade na bike, encaixei meu pé direito na sapatilha e já me preparei para colocar o pé esquerdo. Reparei se não havia ninguém vindo ao meu lado, coloquei o pé esquerdo, prendi bem e finalizei o processo perigoso de "vestir" a bike antes de atravessar a ponte que atravessa o lago.
O percurso era assim:
No início, segundo recomendações dos meu treinadores, estava com marchas leves, volantinho (coroa pequena) na frente e catraca grande atrás para não forçar muito e deixar o corpo se adaptar ao pedal mais facilmente. Começamos subindo uma ponte e logo pegamos a direita, ainda em subida, então foi bom para colocar tudo no lugar e controlar a velocidade.
Logo após a subida havia uma reta "falso plana" e aproveitei para colocar o volantão (coroa grande) e ainda deixar com catraca leve (grande). Já neste momento comecei a perceber que eu estava passando pessoas mesmo sem fazer força. Considerei imediatamente que era estratégia deles, aqueles "cavalos" não podiam estar lentos, apenas esperavam momentos certos para acelerar.
Deixei alguns para trás, deitei no clip e fui me divertir. Já começava a colocar marchas mais pesadas.
Neste ponto um susto. Eu coloco minha "banda" / fita na testa antes do capacete para evitar que o suor desça até meus olhos pois meu capacete é fechado e não permite entrar vento no rosto. Mas nesta prova a "banda" caiu nos olhos durante o pedal. Eu levantei temporariamente ela, e ela caiu novamente. Ainda bem que mantive a calma e não tive nenhum acidente sem poder enxergar, e como ela não ficava na posição correta, puxei ela para o pescoço e pedalei todo o tempo com ela neste local.
Como só havia visto o circuito da bike pela internet e só estudei a altimetria, achei prudente fazer a primeira volta "reconhecendo" o percurso e consequentemente ir mais lento. Acho que todos fizeram isso, para falar a verdade.
Depois desta reta "falso plana" (em amarelo), havia um desvio para a direita e depois uma reta longa em pequeno declive. Foi a hora de soltar um pouco as pernas e colocar velocidade. Alguns quilômetros a frente uma subida e o primeiro ponto de hidratação com bastante voluntários que serviam água e Gatorade. Não peguei nada, segui em frente...
Achei engraçado, olhava para o Garmin 920xt (não levei o Garmin Edge na bike) e no campo de velocidade apresentava 30 km/h. Fazia força, fazia força fazia força, e marcava 30.5 km/h. Depois de umas três ou quatro vezes que olhei e não saída da casa dos 31 km/h fiquei desanimado, estava sofrendo para pedalar forte e não conseguia (aparentemente) render. Sera que era o vento forte? Será que o freio estava desregulado? Será que a bike estava torta? Sei lá o que podia ser, a velocidade apresentada no Garmin 920xt não era nada boa.
Desisti simplesmente de olhar no relógio, se era para terminar a prova com velocidade média de 30 km/h, que seja assim.
Passado o ponto de hidratação, havia uma descida bem razoável com algumas curvas. O único problema é que estava bem suja, com barro em um ponto, aonde algumas pessoas do staff tentavam limpar. Esta descida está marcada em amarelo na foto abaixo.
Passei por um contorno de uma rotatória em velocidade boa, e continuava a descida agora bem mais íngreme. No final da descida, uma outra rotatória que tivemos que fazê-la por inteiro e o único comentário não tão positivo que tenho da organização, que colocou um tapete de medição de tempo no meio da rotatória, estávamos em alta velocidade e precisamos passar sobre este tapete. Até havia staff sinalizando e solicitando que diminuíssemos a velocidade, mas quem ali iria reduzir?
Bom, passado a rotatória pegaríamos a subida de volta pelo mesmo caminho. Resolvi fazer uma estratégia arriscada, como a subida não era tão acentuada, coloque marcha pesada e subi em pé na bike até o meio dela.
Foi ótimo, as pernas precisavam de uma mudança de posição, ganhei velocidade no início da subida que era mais forte, depois clipei e fui tranquilo em velocidade boa. Estre trajeto está marcado em amarelo na imagem abaixo.
Após a subida, uma curva a direita e uma reta longa, plana e incrivelmente sem vento pela frente. Joguei novamente marcha pesada e "táca-lhe pau, Mário"...
No final da reta, uma curva para a direita e uma nova reta em descida, no início mais suave e depois um pouco mais inclinada. Foi o único lugar que encontrei uma lombada, se não me falha a memória.
Vi neste ponto o primeiro ciclista com problema na bike. Ele mesmo estava trocando o pneu traseiro, com a bike no chão, todo desesperado. Eu também estaria se fosse ele.
Vale compartilhar que eu não levei pneu ou câmera reserva. Estava com minha roda Zipp 808 tubular atrás e um dia antes de embarcar para Brasília vi que a Zipp 404 dianteira estava murcha. Enchi de novo e notei que ela esvaziou. Como não haveria tempo de arrumar, coloquei a Zipp 404 clincher que tenho na minha bike BMC e fui com um pneu tubular atrás e um clincher na frente. Como seria inviável eu levar 2 tipos pneus / câmeras reservas para a bike, só levei um spray de espuma que promete tapar buracos em caso de pequenos furos. Foi arriscado sim, podia ter pedido a prova se algo acontecesse.
Voltando ao trecho, a descida era boa, deu para colocar a marcha mais pesada até o final e no contorno de uma rotatória, outro ponto de controle com tapete numa curva em velocidade. Sem grandes danos, era só prestar atenção.
A subida deste trajeto foi tranquila (Estrada Parque das Nações), e usei a mesma estratégia da primeira subida que fiz. Coloquei uma marcha pesada (não a mais pesada, possivelmente subi de catraca 13 ou 14) e vim pedalando em pé até a metade da subida. Ai, colocava uma marca mais tranquila, clipava e finalizava a subida.
Novamente, via que eu ultrapassava vários ciclistas, ficava feliz, mas pensava naquele momento que eram pessoas boas na natação mas sem experiência na bike. Segui meu caminho sem me empolgar muito, mesmo porque olhava no relógio e via a velocidade ainda na casa dos 32 km/h.
Ao fazer uma curva a direita, entramos na maior reta do trajeto, que passava pelos ministérios até próximo a antena de TV (ponto turístico de Brasília). Neste trecho havia uma subida muito pesada, daquelas que tem que fazer de pé de (marquei em vermelho mais ou menos a posição da subida). Na imagem abaixo, marquei esta longa reta em amarelo e o trecho de subida em vermelho.
Na reta, antes da subida, percebi muitas pessoas lentas, sofrendo para seguir pedalando (era um outro falso plano) e chegar até aos ministérios. Eu me sentia bem, já tinha tomado um pouco de meus suplementos (Malto + BCAA + Endurox R4) e ainda sentia que dava para acelerar mais
Na subida o bicho pegava... Era curta, mas muito acentuada. Coloquei marcha pesada, não a mais pesada, subi na Cervélo e fiz força, ao ponto de respirar ofegante, mas percebi que passei vários outros atletas desta maneira.
Uma pausa na descrição do circuito. Passar as pessoas na bike me dava mais força (psicológica, claro) de continuar a pedalar, pois via que aqueles "monstros", fortes, alienígenas que estavam pela cidade, pela expo, na largada, eram de fato pessoas normais. Poderia estar subestimando estas pessoas, eu poderia estar passando apenas os "pangarés" da prova e os medianos / bons estariam bem mais fortes, eu poderia estar "contando vantagem" antes da corrida e eles iriam me atropelar na meia maratona, mas tudo aquilo me deixava feliz, estava recuperando muitas "posições" que a natação havia me tirado. Enfim, de qualquer forma, tinha uma motivação para continuar forte e pedalando mais contente.
Voltando ao circuito, esta reta era longa, a esplanada dos ministérios é aberta e imaginei que o vento seria um grande problema, mas incrivelmente não sentia o vento. Notei, posteriormente, que estava "a favor" do vento, e por isso a velocidade estava boa.
Passando por esta longa reta havia um retorno com mais um tapete no meio da curva. Mais um perigo, mas tudo bem. Fizemos o retorno e começamos a voltar pela esplanada.
Neste momento senti a primeira vez o vento contra, que não era tão forte, mas fazia um pouco de resistência ao pedal. Como o terreno era levemente em declive, o vento contra era anulado pela descida e a velocidade quase não caía. Marquei o retorno da esplanada com o vento contra em amarelo na imagem abaixo.
Fizemos uma curva para a direita e o asfalto ali não estava muito liso, mas não tive problemas. Reduzi bastante a velocidade para fazer esta curva, mesmo tendo pistas largas achei melhor não arriscar, e pegamos uma rua que ligava as duas pistas da esplanada dos ministérios, agora no sentido da contra-mão.
Trecho curto, plano, de asfalto um pouco ruim e no final, antes da nova curva a direita, um outro ponto de hidratação cheio de voluntários.
Reforço, a estrutura de apoio desta prova era perfeita. Muitas pessoas dando água e Gatorade na bike, as vezes até com mais empenho do que necessário e forçavam a mão para não deixarem as garrafinhas caírem na passagem.
Curva feita, uma nova longa reta em sentido a antena de TV. Sem mistério, continuava passando pessoas, vendo o sol ficar mais forte, o vento tranquilo e as pernas respondendo bem. O trecho está em amarelo na imagem abaixo.
No final desta reta, ao fazer o contorno, não me lembro muito bem se havia um ponto de controle ou não. Acredito que sim, mas não tenho certeza e vou ficar sem marcar ele no mapa.
Fizemos o retorno a esquerda, lento porque era bem fechado, e ai uma nova reta semelhante feita há alguns minutos atrás, inclusive com o vento contra, que também não atrapalhou tanto.
No final desta reta havia uma descida pesada, que era o "espelho" da subida pesada que relatei na entrada da esplanada dos ministérios. Neste ponto de descida, em uma das 3 voltas de bike, cheguei a velocidade máxima de 57 km/h.
A curva no final, para a esquerda, foi feita bem na boa, freando forte para conhecer o terreno. Vi que não era bicho de 7 cabeças, que o asfalto estava bom e que dava para descer forte da outras outras duas vezes que iria passar ali.
Passamos novamente por uma rua que liga as duas faixas da esplanada, e na curva a direita o pior trecho de asfalto da prova toda. Muitas "corcovas" / elevações de asfalto / irregularidades na curva, mas não duravam mais do que 10 metros, e ai votamos a colocar velocidade novamente.
Final desta reta, curva a direita, e pegamos retornamos a avenida (Estrada Parque das Nações). Uma reta boa, plana e tranquila.
Passamos debaixo de uma ponte, viramos a direta e lá estava mais uma subida "pesada". Esta, diferente da esplanada, era longa, menos íngreme e desafiadora.
É uma via paralela a esplanada, mas ao invés de ter uma subida curta e muito íngreme, ela é mais constante e longa.
Mesma estratégia, marcha pesada (13 ou 14), pedalando em pé e força nas pernas. Depois da parte mais difícil da subida, aliviava a marcha e clipava novamente.
No final da "reta" em subida, um novo retorno e um ponto de controle, com tapetes para coletar os dados dos chips que estavam presos nos nossos tornozelos.
Passado o ponto de controle, mais uma hidratação. Peguei uma água e tomei um pouco, joguei a garrafinha fora no ponto de coleta de lixo (se jogarmos qualquer lixo em lugares fora dos pontos de coleta, poderíamos tomar cartão amarelo e até ser eliminados da prova), e aproveitei a descida para colocar marcha pesada e descer rápido.
No final desta "reta", a melhor curva de todas. Uma curva rápida, aberta, com boa visibilidade e pé em baixo. A primeira vez fiz a curva em velocidade moderada, nas outras eu já sabia como funcionava e ai foi mais tranquilo colocar mais velocidade.
Não tenho certeza se foi neste ponto ou na segunda volta, (acho que foi nesta, então vou registrar aqui), vi uma pessoa muito forte passando por mim. Normal, até aquele momento poucos ciclistas haviam passado, mas acontecia, só que não com aquela velocidade. Ai, logo após dois ou três passaram rasgando. Uau... o que será que aconteceu?
Ao reparar com cuidado, vi que os números deles eram baixos.... 7, 33, 25, 60... Eram os profissionais voando, muito muito muito rápido... E olha que eu não estava girando leve. Para ter uma ideia, o Tim Dom, vencedor do Ironman 70.3 de Brasília fez uma velocidade média na prova de 45 km/h. Naquele trecho de descida eles estavam facilmente a 50 km/h.
Outro ponto que reparei, todos, sem exceção, estavam com rodas traseiras fechadas. Era só escutar o barulho do vento assoviando nas rodas e logo em seguida o cara estava passando rasgando ao seu lado. A minha mão voltou a coçar na possibilidade de comprar uma roda assim.... Mas isso é assunto para outro dia.
Voltando ao circuito, retornamos pela terceira vez para a Estrada Parque das Nações e ai uma descida muito gostosa, mesmo sem ser muito íngreme, era boa para soltar as pernas ou colocar velocidade. Como estava ainda cheio de energia, consegui colocar uma marcha pesada e imprimir bastante velocidade. Na imagem abaixo mostro este trecho em amarelo.
Cheguei a 56 km/h nesta reta na primeira volta, mais ultrapassagens e a sensação de tudo estar indo bem.
No final da reta, fazemos uma curva a direita, passamos por debaixo da "tesourinha", nova curva a direita, subida da "tesourinha", e voltando para o início do trajeto.
Neste local era aonde o público ficava assistindo a prova, pois ficava perto da largada e era aonde todos os ciclistas passavam diversas vezes durante o trajeto todo. Imagino que era possível ver o ciclista chegando do outro lado da pista, ficar esperando ele fazer a "tesourinha" e ao sair da subida gritar para incentivar o seu amigo(a) / parente / marido / esposa / conhecido / ídolo.
Vi a Mandi e o pessoal da Run & Fun, me gritaram palavras de incentivo e, sério, isso ajuda muito.
Começava ali a segunda volta. A diferença principal desta volta foi que ela foi muito mais rápida que a primeira, já conhecia os pontos, sabia aonde podia acelerar e precisava brecar com mais intensidade.
Durante uma parte do trecho passei um cara que não gostou muito de ser ultrapassado, reagiu e me passou de novo numa descida e gritou para pedir passagem. Abri e achei estranho, porque tinha acabado de passá-lo e ele "teoricamente" não poderia reagir pelas regras do Ironman. Deixei ele passar, saí da roda dele e ele não distanciava. Na subida da rua oposta aonde ele me passou usei a mesma estratégia de marcha pesada e pedalar em pé e passei ele com muita facilidade. Acho que ele ficou meio puto, tentou fazer força, emparelhou comigo, mas logo cansou e ficou para trás. Que besteira, ao invés do cara fazer a prova dele, estava disputando comigo....
Nesta segunda volta também, ao passar um outro ciclista, vi o nome dele (precisávamos usar o número de peito nas costas e nosso nome estava lá) e estava escrito Rubão. Ele pedalava com uma Cannondale preta, e foi um cara exatamente assim que pedalou comigo no Triathlon Internacional de Santos em Março. Ao passar por ele perguntei se ele havia feito aquela prova, ele confirmou e ainda disse que lembrava de mim. Muito legal isso, né? Conversando com o Alvarito ele me disse que acabamos "conhecendo" várias pessoas de vista e reencontrando em muitas provas.
Também na segunda volta, ao fazer o retorno da esplanada dos ministérios pela primeira vez, passei pela Kami no pedal. Desejei boa prova para ela, gritei palavras de incentivos e continuei na minha velocidade.
Não vi mais ninguém da Run & Fun no pedal durante o trajeto todo, mas como saí da água muito atrás deles todos, devo ter passado sem reconhecer o pessoal.
Outro ponto diferente na segunda volta, quando estava fazendo a subida da rua paralela a esplanada dos ministérios, eu comi uma bisnaguinha que levei na bike. Esta foi a primeira vez que em uma prova eu comi algo sólido, e já havia treinado isso num simulado agora em março. Como lição, aprendi que não é bom comer nada sólido em uma subida, porque ficamos mais ofegantes fazendo força para subir e comer ao mesmo tempo não é bom. Recomendo a alguém que queria comer algo, deixe para fazer no plano, já que a descida é mais mais perigoso e precisamos estar com as 2 mãos bem firmes no guidão.
Ainda na segunda volta (acho que tudo aconteceu na segunda volta - risos), voltei a olhar no Garmin 920xt para ver a velocidade de novo, ainda chateado deste a última vez que olhei para ele. Poxa, estava pedalando tão bem, tão forte, e ele marcava uma velocidade baixa.
Ao olhar novamente, vi que marcava 36 km/h. Disse: UUUAAAUUU em voz alta, se alguém escutou pode pensar que sou louco. Ai coloquei um pouco mais de velocidade (estava numa descida) e vi que ele não aumentou a velocidade. Concluí na hora que o satélite não estava sincronizado ou que o relógio estava errado. Olhei com um pouco mais de calma e vi que havia configurado o mostrador para velocidade média do trajeto, e não a velocidade instantânea como está configurado no Garmin Edge.
Ou seja, quando olhei no início do ciclismo e vi que o mostrador marcava 30 km/h era porque estava registrado a velocidade média até então, considerando o inicio do pedal até aquele momento, e não que eu estivesse pedalando lento. Quando eu acelerava e não via a velocidade subindo de forma proporcional era porque a média continuava constante ou crescia muito pouco.
TONTO... Claro que só podia estar errado, o pedal estava muito bom até aquele momento.
TONTO... Claro que só podia estar errado, o pedal estava muito bom até aquele momento.
Passei pelo trajeto todo, fiz o retorno na "tesourinha", recebi novamente o incentivo da Run & Fun e da Mandi e abri a terceira e última volta.
Ao iniciar esta última volta pensei num problema sério: Aonde eu entraria para deixar a bike se eu não vi a "saída" do circuito que passei por 2 vezes? Sabia que tinha que ser algo próximo a "tesourinha", mas não vi aonde.
Nesta terceira volta perguntei para 3 ou 4 ciclistas aonde seria, e alguns não sabiam e dois me falaram a mesma coisa. Na "tesourinha", ao fazer a segunda perna e antes de iniciar a subida, deveríamos seguir em frente em direção à ponte. Fiquei com a ideia na mente aonde seria, mas fiquei preocupado em não errar na entrada.
Já recuperado do susto de olhar para o Garmin 920xt e ver a velocidade média e não a instantânea, comecei a olhar com mais frequência e controlar um pouco como estava indo o meu desempenho. Vi uma pequena variação nas subidas e descidas, aonde chegava a médias de 36 km/h a 37 km/h, mas mantinha uma média acima do que havia planejado, em torno de 33 km/h.
Nesta volta repeti e comi uma segunda bisnaguinha, tomei a segunda caramanhola de Malto + BCAA + Endurox R4 e bebi mais água e Gatorade distribuído pela prova. De diferente comi metade de uma barra de Torrone, aquele doce com amendoim muito gostoso que comia quando era criança, e por dica do treinador Cássio, levei para comer durante o pedal.
Esta terceira volta foi a mais forte e constante, girando quase 15 quilômetros de distância a 38 km/h marcados pelo Garmin.
Ao entrar na reta final de descida até chegar na "tesourinha", me preparei para prestar mais atenção na saída do circuito e ao fazer a segunda curva, como descrito pelos meus amigos ciclistas, segui em frente e voltei em direção para a ponte que atravessa o lago e me dirigi para o local da transição.
Como precisava desacelerar para me aproximar do local reservado para deixar a bike, aproveitei e tirei as sapatilhas dos pés (deixei elas presas no pedal) e fiquei bastante atento com outros ciclistas ao meu lado, ao tapete de marcação de tempo da entrada da transição e a qualquer outro tipo de incidente no final do pedal.
Estava finalizando o ciclismo, que foi absolutamente fantástico para mim. Firme, consistente, constante, veloz... Fiz a alimentação planejada, a suplementação funcionou perfeitamente, a Cervélo P3C respondeu muito bem e o "motor" não decepcionou em nada.
O ciclismo teve 90 quilômetros de distância (87 km no Garmin), com duração de 2 horas e 25 minutos, com velocidade média de 37.17 km/h (36 km/h no Garmin).
Muito, mas muito mesmo, acima do meu plano. Feliz da vida, nunca imaginei pedalar tão forte assim.
Porque fiquei falando durante todo o momento sobre ter passado diversas pessoas na bike? Bom, saí da água em 95 colocação na minha categoria, 543 no geral. Minha bike me colocou na posição 46 na categoria, 282 no ranking geral.
Melhorei muito minha colocação, tirei o atraso da água e agora era só me divertir na corrida, minha melhor modalidade.
A Transição 2 (T2)
Ao passar pela linha de delimitação da área de transição, desci da bike e logo uma pessoa do staff veio segurar minha Cervélo e disse que eu poderia continuar seguindo em frente para o local aonde estavam as sacolas.
O staff recebia a bike de todo mundo, colocava na posição correta de largada e não precisávamos nos preocupar mais com as magrelas.
Como deixei a sapatilha presa na bike, correr descalço foi tranquilo e só me preocupei em não acelerar muito em cair. As pernas estavam anestesiadas, não sentia muito bem os pés e a sensação de correr "flutuando" era engraçada (e preocupante).
Fui até as sacolas, peguei a sacola amarela com os materiais de corrida, fui para o vestiário e comecei a me trocar.
Durante a mudança de figurino, encontrei o Marcel, um camarada que me segue pelo blog e trocamos algumas palavras. Ele estava muito puto porque havia tomado uma penalização de ciclismo e teve que pagar 5 minutos no penalty box. Não perguntei o que aconteceu, mas suponho que seja por possível vácuo. ATUALIZADO: O Marcel não tomou penalty por vácuo não, ele é dos meus e não pega "roda" em provas. Ele foi advertido por "poluir a via", não foi informado sobre este incidente durante a prova e teve que "pagar" a penalização mesmo assim. Isso é phoda, acaba com o espírito de competição ter que ficar parado por 5 minutos por deixar algo (supostamente deixar algo) cair na prova.
Tirei o capacete da cabeça e deixei ao lado. Tirei o tênis da sacola, peguei as meias e comecei a calça-las. Coloquei os tênis e ao guardar o capacete tive um pouco de dificuldade, mas com jeitinho ele coube na sacola.
Peguei também 2 esponjas vermelhas que deram para nós no dia anterior. O objetivo das esponjas era molhar em água nos postos de hidratação e jogar a água no corpo / cabeça. Eu usei-as como apoio de mão, apertava elas para fazer volume e não ficar com as mãos tão tensas durante a corrida. Funcionou muito bem.
Da bike eu trouxe a outra metade do Torrone e um saquinho de amendoim, peguei as capsulas de sal e parti para a corrida.
A T2 foi muito mais rápida, com 3 minutos quase cravados, e a maior parte do tempo foi a locomoção até o local das sacolas, guardar o capacete e sair para a área de corrida. Bebi um copo de água na transição, após sair do vestiário.
A corrida
Ahhhhhh a corrida.... Agora é tudo tranquilo... Não morro mais afogado, não caio de bike, não tem mais problemas :-)
Ou quase isso (risos).
Já relatei neste blog que tive problemas sérios na corrida de triathlon, tanto em algumas provas do Troféu Brasil quanto no Challenge em Florianópolis.
O plano inicial era fazer uma bike tranquila para sobrar pernas para a corrida, e pelo relato acima deu para ver que a o ciclismo não foi nada leve.
O que seria da corrida? Ahhhh Foi ótima :-)
A organização havia comentado várias vezes que a corrida em Brasília era muito boa, plana, tranquila. Queria pegar o Q*!^#&$#U que falou isso e colocar ele para correr. O percurso da prova era este:
Já na saída, no canto superior esquerdo da imagem marcado com T2, passávamos por uma leve subida até sair do local da transição, mas eram apenas poucos metros. No final deste trajeto encontrei a Mandi, Carlão e Poly gritando e me incentivando. Ao ver a Mandi, percebi que havia esquecido minha viseira, voltei até ela e roubei a dela para mim :-)
Tadinha, ela ficou esperando um beijo e eu fui roubar a viseira. Depois dei vários beijos nela durante a corrida.
Depois disso até a primeira curva a esquerda no meio da imagem havia uma subida bem chata. A organização nos enganou, tem subida sim.... Não era nada de absurdo, mas ao ver que o Garmin 920xt já estava marcando 3 horas de prova, que o relógio de rua marcava 28 graus de temperatura e o tempo estava bem seco, tudo ficava mais difícil.
No meio da subida havia um ponto de hidratação com água, pepsi, frutas, gatorade e sal. Muito bem servido.
Encontre o treinador Fred da A. Giglioli, ele foi pedalando ao meu lado por alguns metros e me orientou a hidratar sempre, porque o sol estava judiando. Agradeci e segui minha corrida.
Depois pegávamos uma rua em leve descida até um condomínio e voltávamos. Neste momento emparelhei com um corredor que foi puxando papo e disse que estávamos indo numa velocidade boa. Hahahahhaa, ele queria mesmo era companhia para correr na velocidade dele, porque eu cheguei, fiquei ao lado dele por poucos metros, acelerei e passei.
Encontrei o Vergueiro neste momento, eu descia a rua do condomínio e ele já estava subindo. Nos cumprimentamos e cada um seguiu seu ritmo.
Na volta desta rua tinha uma subida também leve, pois era a mesma rua. Deu para pegar um pouco de sombra das árvores, e a minha velocidade foi aumentando. Acho que foi neste trecho que cheguei a correr a 4:30 min/km, muito mais forte do que eu planejava.
Reparei que muitos atletas já estavam com câimbra, possivelmente devido ao sol e ao esforço, até comentei isso com um outro cara ao meu lado e ele disse que estava com dores e já tinha tido câimbra mais cedo.
Voltando a rua principal, descemos um trecho curto e entramos em um parque com uns degraus um pouco chatos na calçada. Na entrada deste parque, ao lado do lago, havia um caminhão pipa com uma fonte de água corrente para passarmos embaixo e refrescarmos o corpo. Eu passei todas as vezes pela ducha :-)
Entramos no parque e o local reservado para a corrida era bem estreito, não dava para 2 corredores ir e vir (2 de cada lado) ao mesmo tempo, então era preciso "negociar a ultrapassagem" ao encontrar pessoas mais lentas que você e tomar cuidado para não atrapalhar os outros que vinham do lado oposto.
Corríamos uns bons 3 quilômetros nesta pista margeando o lago até chegar numa rotatória, aonde havia um novo ponto de hidratação com frutas, gatorade, água, bisnaguinhas e pepsi. Tomei sempre ou água ou Gatorade, evitei tomar pepsi e pegar frutas.
Fazíamos o contorno e retornávamos pela pista estreita deste parque. Nesta volta encontrei a Kami, havia passado ela na bike e depois não havia visto mais.
Ao sair do parque encontrei o Fred que se posicionou bem na entrada, e lá ficou dando apoio para os atletas da assessoria dele e palavras de incentivo para os amigos da Run & Fun. Conversei com ele todas as vezes.
Na saída do parque tomei minha primeira pílula de sal, já estava com 5 ou 6 km girados e quase era hora de tomar um gel. Voltamos a rua principal e poucos metros a frente havia um novo ponto de hidratação, com os mesmos produtos oferecidos nos outros dois.
Na curva desta descida, a galera que acompanhava a prova se reuniu para dar apoio aos atletas e faziam uma grande festa ao ver algum conhecido passar. Vi a Mandi novamente, ela ficou exatamente na frente de um membro da organização que dava uma pulseira vermelha que indicava a primeira volta de 7 km completa, dei um beijo nela, peguei a pulseira e continuei a corrida.
Era hora de encarar a subida de novo... Como já estava quase completando 7 km, tomei meu primeiro gel de carboidrato e bebi um pouco de Gatorade.
A segunda volta foi um pouco mais lenta, já comecei a sentir um pouco de cansaço mas ainda estava firme e forte.
Na corrida é mais fácil encontrar os amigos, vi quase todos da Run & Fun em todas as voltas, sempre os apoiava quando conseguia perceber que estávamos nos cruzando.
O Luiz e a Kami foram os mais emblemáticos, porque eu estava pouco atrás do Luiz (e me aproximando) e a Kami vinha logo atrás de mim. Então eu avistava o Luiz e logo sabia que iria cruzar com a Kami.
Nesta volta passei a Lu, que ainda estava fazendo a sua primeira volta. Passei por ela no retorno do final do parque, eu parei para pegar um Gatorade, nos aproximamos, conversamos um pouco sobre o forte calor e segui meu ritmo.
E o calor judiava. Vi um gringo, todo branco / albino desistindo da prova. Câimbra vi aos montes, caminhando então nem se fala...
Continuei firme e na saída do parque notei um vento bem forte e refrescante. Dei graças por não estar mais na bike, porque um vento daqueles no ciclismo iria quebrar nosso pedal no meio.
Saí na rua principal, fiz o retorno junto da galera, mandei beijo para a Mandi de novo e abri a terceira volta.
Já no início da volta o Carlão conversou comigo, disse para fazer mais força porque o sol estava mais fraco e podia correr mais. Ótimo conselho.
Peguei a pulseira de marcação branca (indicava final da segunda volta), tomei outro gel e parti para a subida da rua principal novamente, pela última vez.
Peguei a pulseira de marcação branca (indicava final da segunda volta), tomei outro gel e parti para a subida da rua principal novamente, pela última vez.
Mesmo esquema de sempre, encontrei o Vergueiro subindo a rua do condomínio, depois de alguns minutos eu vi a Kami e tudo corria bem. As pernas já estavam cansadas, o gel ajudava bastante a repor o ânimo e as energias, e me sentia feliz correndo.
Encontrei numa destas passagens um rapaz chamado Richard que conheci pela internet vendendo chaveiros o Ironman. Ele também estava competindo, conversamos no dia anterior e lá estávamos sofrendo juntos. Eu acho que foi na terceira volta, ele estava na segunda. Bem, de qualquer forma estava mais rápido, passei por ele e segui a vida.
O sol já não era mais forte ao sair da rua dos condomínios, o vento tinha passado e trazido nuvens, e uma leve garoa começou a formar quando entrei pela terceira vez no parque.
Lembro-me que neste momento cruzei com um cara correndo, não reparei as roupas dele, mas senti um cheiro horroroso de fezes. Não posso julgar se foi ele ou não, mas alguém ali ou naquela região fez o "número 2" parado ou nas calças. Nossa, um fedor horroroso.
Fiz o contorno da rotatória do parque e quase torço o pé ao sair da pista para ultrapassar um grupo que fazia a hidratação na pista que corríamos. Tudo bem, só um susto.
Na volta a chuva começou a apertar um pouco mais. Eu havia tomado um gel aos 7 km, aos 14 km e estava com quase 17 km naquele resolvi tomar mais um. Sei que faltava pouco, mas não iria fazer mal.
Nesta de tomar o gel, olhei para o Garmin 920xt e fiz umas contas, ao continuar com pace próximo a 5 min/km (estava até mais rápido que isso) eu terminaria a prova em sub 5 horas.
Troquei o modo do Garmin de controle de pace para tempo decorrido e mudei a estratégia de "poupar as pernas" para "fechar em sub 5h". Acelerei e fui confiante.
Passei pelo 18 km, 19 km e "opa", senti uma leve puxada de câimbra na coxa esquerda. Continuei tranquilo, pensei que ia passar e, opa, olha a fisgada de novo. Era só o que me faltava, menos de 2 km do final da prova iria me dar câimbra só para não deixar eu cruzar a linha em sub 5 horas.
Respirei fundo, diminui o passo e continuei. Na subida, saindo do parque voltando a rua principal, encontrei o treinador Cássio que falou "Corre leve que só falta 1 km". Sorri e cumprimentei ele. Vi o Carlão também.... A Mandi já não estava mais lá, possivelmente havia voltado para a largada para me ver chegar.
A chuva apertou bastante, na reta final até a entrada do local do evento já caía bastante água e a sensação de correr na chuva era maravilhosa. Opsss, olha a câimbra ai de novo. Devo ter tomado uns 10 solavancos de câimbra até a entrada do evento, e ao olhar para o relógio via que sobraria tempo o suficiente para atingir o sub 5. Diminui bastante e fui curtir a chegada.
Passei próximo ao publico que assitia e avistei a Mandi. Continuei em direção ao pórtico e vi um pessoal gritando, não sei se para mim ou para outro cara que vinha ao lado. Lembro do narrador do evento falando meu nome no microfone, fechei as mãos em sinal de conquista, passei o pórtico e finalizei a corrida.
Minha diversão e sofrimento (nem tanto assim) haviam acabado, eu estava feliz da vida. Rindo muito, realizado, eufórico, me sentindo cansado e muito bem comigo mesmo.
Se foi boa a minha corrida? Fantástica... Claro que podia ser melhor, já fiz meia maratona para 4:38 min/km, mas fazer esta prova em 4:55 min/km foi excepcional.
Eu saí da água em 95 na minha categoria, entregue a bike em 46 e finalizei a corrida em 25. De forma análoga, saí da água em 546 no geral, entreguei a bike em 282 e finalizei a corrida em 177.
A corrida foi consistente, teve oscilações pesadas de 4:34 min/km no 4 quilômetro para 5:25 min/km na subida da segunda volta, mas tudo bem, na média girei a 4:55 min/km e me senti feliz correndo.
As câimbras incomodaram um pouco... também senti um pouco de desconforto na lombar do dado esquerdo, coisa que nunca havia sentido antes, mas não atrapalhou.
O sol, a chuva, o vento e o cansaço da bike não tiraram o bom humor, mesmo correndo "forte", conversava com as pessoas, falava com meus amigos, joguei conversa fiada com o Fred, dei beijo na Mandi, tudo que precisava fazer.
Acho que reforçar o apoio, companheirismo, carinho, sofrimento da Mandi nunca é demais. Ela acordou de madrugada, andou para lá e para cá, tomou chuva, tirou foto, acompanhou o tempo no site, gritou, sofreu, tudo... Uma perfeita companhia. Obrigado Gatinha.
Vale a pena também agradecer aos amigos Poly, Carlão e Cássio, que na companhia da Mandi fizeram uma ótima equipe de apoio... Obrigado por estarem com nós durante todo o tempo, torcendo e sofrendo um pouco junto com nossa diversão.
As câimbras incomodaram um pouco... também senti um pouco de desconforto na lombar do dado esquerdo, coisa que nunca havia sentido antes, mas não atrapalhou.
O sol, a chuva, o vento e o cansaço da bike não tiraram o bom humor, mesmo correndo "forte", conversava com as pessoas, falava com meus amigos, joguei conversa fiada com o Fred, dei beijo na Mandi, tudo que precisava fazer.
Acho que reforçar o apoio, companheirismo, carinho, sofrimento da Mandi nunca é demais. Ela acordou de madrugada, andou para lá e para cá, tomou chuva, tirou foto, acompanhou o tempo no site, gritou, sofreu, tudo... Uma perfeita companhia. Obrigado Gatinha.
Vale a pena também agradecer aos amigos Poly, Carlão e Cássio, que na companhia da Mandi fizeram uma ótima equipe de apoio... Obrigado por estarem com nós durante todo o tempo, torcendo e sofrendo um pouco junto com nossa diversão.
Este foi o relato da prova, depois escrevo um post especifico e analiso tudo, tempos, organização, defeitos, qualidades e tudo mais.....
O mais importante da prova nem foi o sub 5 horas, nem foi a superação da água, nem foi a ótima 25 colocação na categoria, mas sim a presença de amigos, da Mandi e de um astral maravilhoso.
Falo muito pouco dos meus amigos nos meus relatos, até cito muito cada um, nomes e tudo mais, mas prefiro sempre poupar detalhes de tempos, problemas e outros fatores que são de única e exclusiva particularidade deles. O triathlon é uma prova bem individual, mas sem amigos, não tem a menor graça.
Que venham as próximas provas, com estes amigos não há como não ser vencedor.
O mais importante da prova nem foi o sub 5 horas, nem foi a superação da água, nem foi a ótima 25 colocação na categoria, mas sim a presença de amigos, da Mandi e de um astral maravilhoso.
Falo muito pouco dos meus amigos nos meus relatos, até cito muito cada um, nomes e tudo mais, mas prefiro sempre poupar detalhes de tempos, problemas e outros fatores que são de única e exclusiva particularidade deles. O triathlon é uma prova bem individual, mas sem amigos, não tem a menor graça.
Que venham as próximas provas, com estes amigos não há como não ser vencedor.
Amigo, obrigado por compartilhar sua experiência! Foi um lindo relato e pude me sentir participando! Vou correr minha primeira meia maratona em 17/02 (meia das pontes, tb em Brasília) e minha grande meta é participar tb do Ironman 70.3! Gratidão!
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