Meu primeiro Ironman: A história de um sonho: Treino de 18/04

Hoje (na verdade, sábado dia 18/04) fiz treinos "apenas" de ciclismo. E logo explicarei porque o "apenas" está entre aspas.

Antes das considerações dos treinos, sei que estou em débito com as postagens e tentando tirar o backlog de atualizar o blog desde sexta feira, dia 17/04. Por vários motivos, fiquei sem escrever (sexta, sábado, domingo, segunda e terça) e agora preciso atualizar tudo, mas alguns detalhes eu esqueci e em outros serei mais resumido porque não dá para ser tão detalhista com tanto treino feito nestes dias.

Este blog consome mais tempo do que o que gasto treinando :-)

Descanso faz parte do Treino

A noite foi boa, um pouco movimentada no início, mas deu para descansar bastante. A noite anterior foi boa também, tudo de acordo para um treino que prometia.

Treino Ciclismo

Recapitulando, na sexta feira, dia 17/04 fiz um treino de 28 km de corrida na USP. Na planilha, o sábado (relato de hoje) era um dia de descanso e domingo haveria um treino longo de bike de 140 km a 160 km de bike. Como eu iria viajar para Franca para visitar meus pais no sábado a tarde, resolvi antecipar o treino de domingo para sábado e ficar livre do compromisso de ciclismo no final de semana.

O treino programado era:

Bike: 10´giro leve + 140 a 160 km 53x19/17

Treino longo sim senhor... 160 km não é tão simples de fazer em qualquer lugar, mesmo porque eu já havia feito 160 km na ciclovia e é chato pra cara!*#*$%+<| ficar indo e voltando nos 14 km de distância (7 km para ir , 7 para voltar) da ciclovia. Durante a semana, conversando com o Vergueiro e com o Caio, combinamos de fazer o seguinte, chegar mais cedo na USP no sábado, ficar girando 50 km até as 7:30 da manhã e depois sair com a Route Bike para um treino de 110 km.

Uma consideração, o Vergueiro não está no grupo do Ironman, mas como é um companheiro de primeira, resolveu treinar com nós nessas semana finais. Isso sim é amigo, fazer uma loucura destas não é para qualquer "normal" :-)

Então, plano pronto, acordei bem mais cedo do que o normal neste sábado, fui para a USP ainda de noite / madrugada e ao chegar na Run & Fun já vi o pessoal que monta a estrutura chegando para iniciar o trabalho do dia. Parei o carro, desci a bike, preparei tudo, fui abastecer as caramanholas de água e logo em seguida chegou o Caio e o Vergueiro estava encostando o carro.

Conversamos um pouco e as 5:30 da manhã, conforme programado, começamos a pedalar e aquecer na rotatória da Reitoria. Encontramos um grupo forte da A.Giglioli e pegamos a roda deles para poder aquecer.

Infelizmente, depois de pouquíssimas voltas de aquecimento, o Caio saiu do grupo e parou na calçada com o pneu furado. Chato né? Bom, paramos também e tentamos ajudar, já que ele tinha uma câmera reserva, mas não tínhamos as ferramentas para tirar o pneu e também bomba para enche-lo depois. Por uma grande coincidência, o Vergueiro tinha uma roda no carro. Pegamos a roda, procuramos alguém com bomba para encher, tivemos que fazer um remanejamento estratégico para adequar as rodas nas bikes, e voltamos ao pedal.

Continuamos por um tempo na rotatória da Reitoria, depois saímos para um giro na FEA + Portaria e ficamos girando assim até a 6:30 da manhã, quando o pessoal da Run & Fun começou a reunir. O Vergueiro saiu do nosso giro, foi até os treinadores para pedir uma ajuda pra trocar a câmera do pneu furado e o Caio e eu continuamos nosso giro.

Um pouco mais de 6:40 o pessoal da Run & Fun saiu em 2 pelotões, um de ciclismo com o treinador Rafa e outro de triathletas com o treinador Cássio. Saímos com os ciclistas, porque eles iriam fazer apenas giro e era exatamente o que precisávamos.

Fiquei ajudando o Rafa na cabeça do pelotão, o grupo era até tranquilo e ninguém queria muito fazer força de cara para o vento. O Rafa estava "brincando" de mecânico, foi saía toda hora para ajudar alguns atletas com problemas na bike, e quando não estava ajudando os outros, teve que parar para arruma a corrente que saiu no meio do pedal.

Giramos com eles mais um tempo, sem nenhum tipo de problemas. Apenas girando na FEA + Portaria e até fizemos uma subida do Cavalo sem muito esforço.

Próximo as 7:20 saímos do pelotão da Run & Fun para ir até aonde a Route bike se reúne para a saída aos sábados para pagar a taxa, pegar a pulseira de identificação e também saber detalhes do trajeto. Eu tinha certeza que iríamos fazer o passeio pelo Riacho Grande, mas na verdade era um trajeto da Anhanguera + Bandeirantes de 110 km.

Neste momento já havíamos pedalado 50 km, exatamente como o planejado. Demos mais algumas voltas para aguardar o horário de saída, e um pouco depois das 7:40 nos reunimos com os outros ciclistas no pelotão 1 (P1) da Route.

O trajeto era, inicialmente, tranquilo pois a altimetria apontava nível 2. A Route tem 5 níveis de percursos, quanto mais baixo, menos subidas. Portanto, o trajeto de nível 2 aparentava bem leve.

Saímos em uns 30 ciclistas, acompanhados de staff da Route puxando o pelotão, no meio do grupo, atrás de todos e por um carro de apoio.

Até a saída de Sampa, passando pelas marginais Pinheiros e Tietê, o trajeto é perigoso pelos buracos na pista, disputa de espaço com carros, pessoas mau humoradas e principalmente pelo trânsito cheio devido ao feriado de Tiradentes. Mas não houve problemas, apenas um pedal com mais atenção.

Ao sair das marginais e pegar a Anhanguera a velocidade aumentou e ai só precisávamos colocar mais força, porque pedalar com o P1 não é mole. Neste passeio, tirando o trecho das maginais, a velocidade média foi de 34.7 km/h, e analisando o gráfico de altimetria, não sei de onde eles tiraram nível 2, porque tinha muita subidas pesadas.

No trajeto de ida, não teve muito o que relatar. Estávamos com energia, o sol estava fraco, o pessal da Route puxava bem, e não houve incidentes. Para não dizer que não houve nada, minha caramanhola caiu e perdi a segunda garrafinha em 1 semana, e para meu azar, as duas que comprei e paguei caro (as outras que tenho ganhei em provas e são simplezinhas).

Outro comentário do trajeto de ida foi uma descida muito longa e íngreme, chegamos a velocidade máxima de 65.9 km/h e com as mãos nos freios. Se tem uma descida assim, é orque teve uma subida pesada antes. De novo, não sei quem colocou nível 2 neste percurso, mas tudo bem.

Depois de muito pedal, quase 70 km de distância percorrida com a Route, saímos da Anhanguera e entramos na rodovia dos Bandeirantes. O sol já começava a ficar mais forte, a água das caramanholas já estava acabando, eu já havia comido uma barrinha de Torrone (putz, maravilha este doce, tem muito carboidrato / açúcar e também amendoim, então ajuda a repor a energia e sais) e como nós já havíamos pedalado 50 km na USP, nosso Garmin marcava 110 km de distância e as pernas já estavam pedindo um descanso.

Luiz Vergueiro (terceiro a esquerda) e Eu (lado direito, 1 atrás do Luiz)

Ao fazer a curva do acesso entre a Anhanguera e a Bandeirantes o primeiro susto do dia. Com bastante quilômetros nas costas, os ciclistas ficaram um pouco desligados com o pedal, e ao fazer a curva, um ciclista pisou um pouco para fora do eixo do pedal e a sapatilha dele escapou. Com isso ele tirou o pé da bike, ameaçou cair para direita, veio para a esquerda em cima de outra pessoa e como ele era o terceiro do pelotão, quase derrubou uma grande quantidade de ciclistas. Foi só um susto, ninguém chegou a cair, mas todos ficaram "ligados" depois deste acontecimento.

Poucos minutos depois um outro susto, logo na sequência, o Vergueiro que estava na segunda fila de ciclistas teve um problema na corrente (acho que caiu) e teve que sair de lado para arrumar. Nem precisou parar, a corrente voltou sozinha, mas o pelotão teve que desviar.

Paramos num posto de combustível chamado Campeão na rodovia dos Bandeirantes para o lanche, descanso, banheiro e tudo mais. O Caio até chegou a perguntar se continuaríamos sozinhos para completar o trajeto ou ainda fazer giros para não parar (seguindo recomendações do treinador Sílvio), mas eu precisava de um descanso.

A comida oferecida pela Route Bikes é bem legal, tem bisnaguinhas, coca-cola, gatorade, água, bolachas de água-e-sal, bolachas doces, pão, etc. Ficamos conversando, o Vergueiro deu uma olhada na corrente dele e depois de uns 30 minutos, tiramos uma foto (não foi publicada, infelizmente) e saímos de novo para completar os 40 km restantes.

Estava quente... muito... Já havíamos pedalado bastante, antes da Route, com as subidas da Anhanguera, e a volta ia ser bem "divertida".

Pouquíssimo tempo depois que voltamos a rodovia um novo susto. Estávamos pedalando tranquilos pelo estacionamento quando um caminhão começou a nos passar e estourou o pneu. Hahahahahaha, que susto, o barulho é muito alto e foi bem ao nosso lado. A brincadeira do pessoal depois que a adrenalina abaixou, foi dizer que o pneu furado era de um caminhão, e não um pneu tubular de algum ciclista. Deixe-me explicar a brincadeira, o pneu tubular por ser interiço (não ter câmara) suporta muito mais pressão. Nos meus pneus de competição (não estava com eles neste dia) é possível colocar até 220 dpi, por exemplo. Por isso, ao estourar o pneu do caminhão e fazer barulho, o pessoal tirou um barato.

Um pouco mais a frente, um pneu furado de um ciclista a minha frente também me assustou. Ao olhar para trás para ver se o ciclista estava bem e tinha conseguido sair do grupo para ser atendido percebi que o Vergueiro e o Caio não estavam mais no grupo P1.

Fim dos sustos, voltamos a capital e paramos um pouco antes de chegar na Marginal Tietê porque houve tantos furos de pneus que o carro de apoio ficou muito para trás. Uns 4 ou 5 minutos depois o carro de apoio chegou e entramos nas marginais, fizemos o retorno para a USP e fechamos o treino. Mesmo com 110 km rodados (no meu caso 160 km), o pessoal veio muito forte, pegamos as marginais até a USP com uma média de 41 km/h.

Ao chegar na USP, vi que o Vergueiro estava no carro de apoio e teve problemas com a bike, e um pouco depois chegou o Caio com o pessoal do P2 porque teve outro pneu furado e teve que arrumar. O Caio precisa de um pneu novo ou de uma benzedeira :-)

Fiquei girando até o Caio chegar, e já com 160 km percorridos estava pronto para finalizar o treino. Falei com ele e estava com 140 km, ou seja, tinha mais 20 km pela frente. Disse a ele que faria o final do treino até ele completar o programado, e saímos para fazer algumas voltas na FEA + Portaria + Bolinha.

Ao completar os 180 km, distância da bike do Ironman, comemorei bastante. O Caio até queria fazer os 180 km, mas eu não tinha condições de girar mais 20 km e fechar os 200 km naquele dia.

Fechamos o treino e era hora de descansar e voltar para casa.

Como foi o treino? ANIMAL..... O início com o pneu furado e as paradas não programadas atrapalharam um pouco, mas tudo bem... As subidas eram muito mais pesadas do que eu imaginava, houve muitos pneus furados, o calor estava forte, muito sustos, mas o passeio foi excelente.

O visual não é lá estas coisas, mas a velocidade e o desafio foi fantástico.

No final, os 180 km percorridos mostraram que o Ironman será pesado, mas dá para fazer. A velocidade média ficou em algo próximo a 33 km/h, e se fizer isso na prova vou soltar foguetes de alegrias, mas acho que será menor, porque no treino de hoje fiquei na roda durante 110 km.

A suplementação foi ótima, o mesmo composto de Maltodextrina + Dextrose + BCAA + Torrone que utilizei na prova de Brasília e nos últimos treinos, e deve ser este que vou levar para a prova.

A amizade do Luiz e do Caio cada vez mais me impressionam, mesmo pedalando constantemente com eles, sempre tem assunto para conversar. Tá, estamos repetindo alguns, mas ainda tem muita história boa para falar.

O treino teve 180 quilômetros de distância percorridos em 5 hora e 25 minutos, com velocidade média de 33 km/h e cadência de pedaladas de 72 rpm.

Sério, nunca pensei na vida fazer um pedal tão longo como este. Quando me inscrevi no Ironman não sabia o tamanho da encrenca, hoje já senti que dá para fazer, mas não é saudável pedalar 180 km sempre assim.

De qualquer forma, fiquei feliz da vida, recebi vários parabéns no Strava e fechei a semana de treinos comemorando bastante o volume e intensidade dos treinos.

Pré-Treino: Multi-Vitamínico, BCAA, Bisnaguinhas e Mamão

Meio-Treino: Maltodextrina + Dextrose + BCAA, Bisnaguinhas e Coca-Cola

Pós-Treino: Endurox R4