terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Meu Primeiro Meio Ironman - Triathlon 70.3 - Triathlon Long Distance

No dia 30 de novembro complementei meu primeiro Triathlon 70.3 (ou Meio Ironman), e este é o relato da fantástica expediência que tive. 

A prova foi a Challenge Flonianópolis, antiga Dash 112, e agora foi incorporada ao circuito mundial da franquia Challenge. Esta, portanto, foi oficialmente a primeira prova realizada em toda a da América Latina do circuito.



O Dia Anterior à Prova

Cheguei em Floripa na sexta feira, dia 28, a noite. Fui de carro desde Sampa para poder levar minha bike já montada e revisada por um mecânico de confiança da minha cidade. Foi uma viagem longa, com uma estrada cheia e com vários momentos de parada. Mas a Mandi estava comigo e a ótima companhia fez tudo ficar melhor.

Da equipe Run & Fun foram (da esquerda para a direita): 


Kamila, Fred, Rafael, Carlão, Lu Porto, Luiz Verguerio, Poly, Vera, Eu, Denise e Willan Kern (ausente na foto).

No sábado de manhã saímos do hotel em direção para a Expo / feira do evento para retirada do Kit de participação na prova. O hotel era bem próximo a feira, e como amigos meus já haviam relatado longas filas de espera para retirada do Kit, fui bem cedo para não ficar esperando muito.

A Expo era mediana em tamanho, algumas lojas vendendo material de triathlon, roupas, gel, CO2, bikes, etc. e algumas barraquinhas de comidas. Ao lado da Expo haviam algumas empresas de mecânicos de bike e me arrependi de ter ido de carro de São Paulo a Florianópolis ao ver este tipo de serviço lá. Na próxima vez, e possivelmente no Ironman, irei despachar a bike de Sampa e retirar ela revisada lá em Floripa. 

Na chegada já encontrei o Fred, Vera, Rafa e Stephanie (namorada do Rafa) e já ficamos na fila para retirada do Kit. O Carlão apareceu depois, também a Kami e a Lu. Um pouco depois a Denise e o Duca (marido da De). Muitos já haviam retirado o Kit, e me surpreendi com a fila que andou relativamente rápida. 

O Kit era composto por 
  • 01 Mochila
  • 01 Camiseta Pré-Prova
  • 01 Touca de Natação
  • 03 Sacolas Plásticas
  • 01 Kit de Cronometragem + 01 Tornozeleira de Neoprene para Chip
  • 01 Pulseira de Identificação do Atleta
  • 02 Tatuagens de Identificação do Atleta
  • 01 Adesivo de Identificação para Capacete
  • 01 Adesivo de Identificação para Bicicleta
  • 03 Adesivos de Identificação de Sacolas Plástica

Pulseira de Identificação
O material era de boa qualidade, sacolas, pulseira, tatuagens, tudo bem preparado e com visual moderno. Bem impressionante, e considerando o valor caro da prova, era isso mesmo que deveriam oferecer. 


Eu tinha que ir ao aeroporto buscar o treinador Silvio que estava chegando e correr para o simpósio, o Rafael, Denise e Vergueiro foram nadar um pouco e outros ficaram de bobeira por lá, mas deu para bater um papo bom nas mesas dos restaurantes em clima ainda tranquilo de pre-prova.

Fui pegar o treinador no aeroporto e chegamos um pouquinho atrasados no simpósio porque pensei que seria no local da Expo mas foi em um hotel perto. Perdemos a parte da apresentação da prova, um pouco do bla bla bla da organização e um alguns instruções da natação, mas chegamos na hora da bike. 

O simpósio estava cheio, muito mesmo, e achei que valeu a pena ir assistir. Os simpósios são normalmente chatos (especialmente do Troféu Brasil), mas este foi bom para pegar algumas informações sobre trajetos, altimetria, pontos de hidratação (tudo isso já estava no manual), mas o que valeu mesmo foi sacar que a prova iria ter um controle de vácuo muito severo e que eles estariam acompanhando muito próximo.

Depois do simpósio voltamos para o hotel e combinamos todos de fazer o bike chek-in as 5 da tarde. Hahahahaha, foi um momento engraçado ver o tamanho da fila que se formou para deixar a bike no ponto de transição.

Na foto abaixo já estávamos há pelo menos 40 minutos na fila, ainda faltava muito para chegar no bike check-in e o sol ardia nas costas. 



O bike check-in é algo necessário, mas chato. É o momento que deixamos a bike presa na posição correta, mas não podemos deixar muitas coisas lá por causa de roubo ou de chuva. E estava com cara de chuva forte, muitas pessoas levaram capas, e felizmente não choveu. Para que precisa? Porque a bike precisa ser numerada e conferida, saber se está em funcionamento básico (é testado freios, giro das rodas, pedalada, apoio do clip, etc.) e ela é posicionada no local correto. Dá para se familiarizar, por exemplo, com referências para retirar a bike durante a prova. No meu caro, mentalizei uma casa marrom e uma barraca da Gatorade para marcar aonde estava minha bike.

O bike check-in foi tranquilo, o Silvio deu instruções para retirar tudo que estivesse solto da bicicleta, deixar a bike em marcha leve e só. No dia seguinte teríamos das 4:00 as 5:45 da manhã para preparar tudo de verdade para a prova. 

Terminamos os preparativos, voltamos para o hotel, passamos num supermercado e compramos massa (lasanha e spaghetti) e o dia estava quase acabado. 

O final da tarde / noite fiz a preparação das sacolas que seriam levadas para a prova. Acreditem, o triathlon é muito mais complexo do que muitos imaginam. A foto abaixo mostra tudo que precisa para uma prova, e olha que ainda faltou na foto algumas pílulas, a roupa de neoprene e ainda a alimentação.




Bom, tudo pronto e janta já na barriga, hora de dormir. Fui dormir cedo e tentar dormir "a força", já que o nervosismo e anciedade já estavam atacados. Mas dormi bem sim.

A prova

Acordei as 4:00 da manhã e tudo já estava pronto. O café da manhã foi com sanduíches e suco, tomei os suplementos normais (multi-vitamínico e BCAA) e nos encontramos no hall do hotel as 4:30 (Mandi, Lu Porto, Kamila e eu) para ir para a largada. 

Chegamos muito cedo no local do evento e encontramos o Silvio já na área de transição. Foi ai que as coisas ficaram mais "emocionantes", pois ao chegar o Silvio comentou com muita tranquilidade que havia conversado com alguns fiscais de natação e eles confirmaram que o mar estava muito mexido, muitas ondas e puxando, e a natação poderia ser cancelada. Putz, eu tenho fobia com água do mar, já tive traumas com isso, soltaria foguetes com esta notícia de não precisar nadar, mas fiquei bem triste. Queria fazer a prova, é uma preparação para o Ironman, então saber que não teria a natação foi bem frustrante. 

Caso não houvesse natação, a etapa seria substituída por uma corrida de 5 km e as outras modalidades continuariam inalteradas. 

Ventava.... Não, não ventava forte...  Ventava muito mesmo... Assim, ventava de atrapalhar a caminhar. Imaginava como seria a bike com um vento assim... Sem natação, uma bike comprometida com o vento, a prova já estava perdida.

De qualquer forma, entramos na transição para deixar tudo preparado para a largada, com ou sem água. O Silvio e a Mandi entraram com nós e cada um (eu, Lu Porto e Kami) fomos arrumar suas coisas. 



Conversei com um pessoal que estava ao lado da minha bike e eles comentaram que no dia anterior teve um treino de natação e a bóia que marcaria 300 metros foi arrastada para mais de 750 metros. Ou seja, já no dia anterior a natação estava muito complicada, e o mar estava bem melhor do que no dia da prova. 

Já no final da minha preparação a Lu Porto apareceu desesperada dizendo que tinha esquecido o Garmin dela (na verdade foi o Kayete) no hotel. Logo a Lu, super organizada e metódica, mas como ela não costuma tirar este marcador da bike nunca, esqueceu de colocar de volta. Ofereci para ir buscar junto com ela, mas ela achou melhor pegar a chave do meu carro e ir com o Silvio. Tadinha, estava nervosa, mas tudo deu certo com ela. 

Como não houve notificação oficial da prova, todos colocaram roupa de natação e nos dirigimos para a praia aonde seria a largada. Tomei um Assalt em dose reforçada, bebi um pouco mais de água, e a anciedade e preocupação começou a bater forte. 

Em Pé atras: Fred, Eu e Willian Kern, Em Pé no meio: Denise, Lu Porto, Vera, Poly e Sivio, Na Frente: Carlão e Luiz Vergueiro
Claro, tiramos a foto para registar o momento final da preparação (risos). A foto não pode faltar nunca.

A natação

Minutos antes da largada dos profissionais, as 6:30, as bóias ainda não estavam posicionadas nos locais devidos. Todos estavam apreensivos porque a notícia do cancelamento ainda não estava divulgada e a grande maioria achava que tudo estava normal, mas viam que as boas estavam erradas. 

Faltando 2 minutos para o início oficial a organização anunciou a proximidade da largada... A organização, então, chamou todos os atletas e notificou que devido as condições do oceano a prova foi modificada para nossa segurança. Ao invés de 1.900 metros a prova teria apenas 1.000 metros e o restante seria mantido igual. 

Bom, neste momento eu gelei. Já estava psicologicamente preparado para não nadar, e agora teria que nadar e encarar ondas imensas. Gelei mesmo... 

Os profissionais largaram e a organização chamou as próximas "ondas" de atletas. Dava para ver a dificuldade da natação, muita gente sendo arrastada para a esquerda, pessoal dispersando dentro da água e cada um procurando a melhor direção para fazer o novo trajeto, que agora era um retângulo. 

As mulheres se perfilaram e começaram a sair de acordo com a faixa etária. Elas também estavam apreensivas. Começaram os homens, de maior idade e depois uma intercalação de "ondas" mais novos. 

Acredito que a minha "onda" foi a última ou penúltima a largar. 

E chegou o momento... Buzina muito alta e marcante, e fomos para a água.

Sério, nunca me imaginei nadando num mar como aquele. No inicio as ondas batiam no meu peito, fortes, jogavam para trás com força. Depois de alguns passos as ondas passavam a cabeça e tínhamos que furar ou passar por cima das delas. E ai, já que estava lá para nadar, abaixei a cabeça e fui pra luta. 

Acreditem, eu morro de medo de água, mas nunca me senti tão bem nadando. Tomei muito caldo de ondas fortes, dei braçadas em lugares aonde não tinha água, perdi toda a técnica que queria colocar em prática, bebi agua em vários momentos mas fui muito tranquilo no que era possível. Não saí desesperado, me contive nas braçadas, fiz uma velocidade boa, e consegui vencer meu medo de mar com muita arrebentação.

A roupa com braços livres ajudou bastante, a concentração foi importante, a vontade de superar os medos e, claro, os treinos. Encarar aquelas ondas e aquela multidão ao meu redor foi a melhor coisa que aconteceu para minha prova e talvez para o Ironman. Tenho certeza, a água não vai me tirar do meu sonho.




A natação que deveria ter 1.900 metros teve apenas 900, com 16:47 minutos de muita tranqüilidade.

Linda foto tirada pela Mandi

Fiquei muito feliz... Sai junto com a grande maioria dos meus pares e me sentia tranquilo no final da prova de água, não estava ofegante e não esteava nervoso. 

A Tranisção 1 (T1)

Sai da água, tirei a toca e óculos, e como não havia pessoas para nos ajudar tirar a roupa de neoprene comecei a me virar. Me dirigi a área de transição e já estava com a roupa próxima a cintura. Tive um pouco mais de dificuldade de tirar dos pés, mas tudo tranquilo. 

Fiz a transição bem calmo, as sapatilhas já estavam presas na bike, coloquei uma meia, afivelei a numeração com os gels na cintura, guardei as coisas na caixa de transição, coloquei o capacete na cabeça e o prendi. Sai empurrando a bike com tranqüilidade.

A transição, no cronometro oficial, teve 00:03:28 e foi bem razoável. Dava para ir mais rápido, mas não me preocupei com correr neste momento.


O Ciclismo

Peguei a bike e, ao passar pela linha que era permitido montar, subi nela e rapidamente consegui colocar os pés na sapatilha para começar a pedalar. Ufa, a parte difícil já tinha passado (água + sapatilha), e agora era só girar.

Quero me lembrar quem foi que disse que a bike do Challenger era tranquilo e que não tinha subida. Bom, já chego lá.

Saí acompanhando o fluxo de ciclistas, sabia o trajeto de cabeça, estava preparado, tinha deixado comida, bebida e material de emergência (CO2, gatilho, espátulas, etc.) em posições estratégicas da bike. Tudo OK.

No início girava com o volantinho e com marcha leve e nem me lembro quando coloquei o volantão e "clipei" para ficar aerodinâmico. O início do percurso tinha um asfalto ruim, mas logo caímos na rodovia e ai tudo foi bem.

A bike estava maravilhosa. O rendimento estava perfeito, eu ainda tinha muita energia nas pernas e motivado pela água bem feita, então comecei a seguir forte passando muitos ciclistas no início da prova.

Nos primeiros quilômetros (e pela orientação do simpósio) achei que a prova ia ser plana, mas logo após o primeiro ponto de hidratação já havia uma leve subida. Também após a primeira hidratação passei por um desvio e nível do asfalto e a bolsa aonde tinha deixado todos os equipamentos emergência, bisnaguinhas e minha caramalhola com Endurox R4 caíram. Putz, se um pneu meu furasse, eu teria problemas. O Endurox e as bisnaguinhas (carboidrato de fácil absorção) não era tão primordiais, só me deixaram meio nervoso.  Segui em diante....

Logo após isso veio a primeira subida. Hahahahhaa, quem foi mesmo que disse que a bike do Challenger é tranquila? Subida relativamente longa (3 km ou 4 km) e razoavelmente inclinada. 

Tinha uma descida boa também, foi hora de hora de "sentar a bota" e chegar a quase 63 km/h com a marcha mais pesada que a bike tinha.

Haviam muitos pelotões (grupos de ciclistas pedalando um atrás do outro), pessoas pegando o vácuo propositadamente ou não. Em alguns momentos o vácuo era inevitável, estávamos passando alguém à direita e à esquerda tinha outros ciclistas, então alguns segundos estávamos protegidos dos ventos, o que não é permitido, mas não tem como evitar.

E ventava muito.... Na "ida" (sentido sul da ilha) tudo ia bem, na volta pegávamos um vento meio lateral / meio de frente e era complicado. Ainda, para atrapalhar, a subida da volta era mais forte. Bom, estava ruim para mim, estava ruim para todos.

Vi algumas pessoas (sei lá, menos que 20) com problemas de bike. Pneus furados, outros desmontando rodas, alguns sendo atendidos pelas equipes de apoio, mas nada de muito sério. A Lu Porto me disse que viu um acidente de 10 ou mais ciclistas na frente dela, o Willian Kern (da Run & Fun) caiu e se machucou bastante, vi muitos pneus e câmaras caídas na rodovia, mas nada eu particularmente não vi ou presenciei nada de diferente ou preocupante.

No final da primeira volta passamos próximos a área de transição, no meio da praia de Jurere Internacional, e a velocidade caiu um pouco por causa das curvas e das lombadas.



A hidratação era até que boa, davam garafinhas de água ou de isotônico (powerade) e estavam em temperatura razoável (podiam estar mais geladas). O trajeto tinha asfalto bom, o trânsito para carros, motos, caminhões, etc. estava fechado (isso gerou um transtorno para os moradores que passaram horas sem poder dirigir), a sinalização era boa e haviam pontos de controle eletrônicos (sensores nas pistas ligados a computadores) para acompanhar os nossos tempos. 

Vi quase todos da Run & Fun. No início da segunda volta comecei a ultrapassar alguns e via outros em momentos diferentes de corrida (cada um largou em um horário na água, que reflete na distância da bike e nas outras modalidades).

Fiquei pensando no Ironman... A prova toda, mas especialmente na bike e na corrida. A bike do Ironman terá 180 km e passará por grande parte do circuito que fiz nesta prova, e minha sensação é que a bike não me assusta, a distância pode ser grande, mas a sensação de esforço não é muita. Vou querer fazer mais forte no Ironman do que fiz este meio Ironman, mas tenho tempo para treinar e me preparar mais. 

Subidas com velocidades boas, descidas com força, preocupações nas hidratações e muito cuidado para não pegar vácuo, o ciclismo não teve muita novidade. 

Para falar que não houve incidente, ao chegar na área de transição da bike para a corrida, desci da bike e uma mulher passou com um carrinho de bebê na minha frente. Já estava parado com os pés no chão, então não corri risco de cair, mas ela não pode fazer uma besteira desta. Dei um beijo na Mandi que estava próximo da transição me esperando e fui fechar o ciclismo.

Descendo da bike para a T2
Fiz um tempo excelente, 02:39:25 com média de 33.7 km/h. Juro, não imaginava que poderia ter este desempenho no ciclismo e fiquei feliz demais vendo posteriormente o tempo no site oficial da prova. Mas ainda não podia comemorar, tinha a meia maratona para frente.

Durante a prova eu tomei 2 capsulas de eletrôlitos (sal e minerais) que não caiu no chão no incidente que relatei,  tomei 2 Gel Gu, mas não tomei o Endurox que caiu no início da modalidade.




O tempo oficial foi de 2:39:25, com velocidade média de 33.7 km/h. Não tenho os dados de cadência de pedaladas. Fantástico, fiquei muito orgulhoso mesmo.

A Tranisção 2 (T2)

A transição 2 normalmente é mais tranquila, porque não é necessário tirar roupa de borracha, toca, óculos ou nada que esteja muito molhado, basicamente é trocar alguns acessórios. E foi assim nesta prova, T2 bem curto.

Cheguei empurrando a bike, sem a sapatilha (estavam nas minhas mãos), coloquei a bike no suporte, apoiei o capacete no chão, peguei o saco com os equipamentos de corrida, tirei o tênis e comecei a me trocar. 

Já estava com o cinto & o número de peito vestido e neste cinto estavam os Gel Gu que usaria na meia maratona. Uns 2 quilômetros antes do T2 já havia tomado um Gu e bebi um pouco de água, então não me preocupei com suplementação durante o T2.

Lembrei de pegar a viseira e notei o tênis estava pegando um pouco em cima do pé, mas não ia parar para arrumar, ele se ajustaria durante a prova. A Mandi estava ao lado e ganhou mais um beijo antes de eu sair. 

A transição foi super rápida, teve (pelos tempos oficiais) 00:02:34 de duração. Simbora para a parte "divertida" (SQN).

A Corrida

Como sempre digo, terminou o sofrimento e a corrida é hora da diversão. A corrida sempre foi meu forte, o esporte que me "formou" e a modalidade que tem me dado melhores resultados. 

Mas....

Não era para ser nesta prova. Estava preparando uma meia maratona para 01:40:00 ou próximo a isso, e não cheguei nem perto do que queria.

Comecei a correr me sentindo um pouco "sem pernas" e imaginei que seria a transição da bike para a corrida e o desconforto normal da troca de modalidade, mas no fundo mesmo é que comecei forte na casa dos 4:45 min/km sem notar. Até o quarto quilômetro estava sofrendo, mas ia bem. Digo sofrendo porque comecei a sentir o estômago pesado, como se estivesse cheio, com muito líquido. Acho que foi o mesmo que senti no último Troféu Brasil, uma sensação de mal estar chata. 

Um pouco antes do terceiro quilômetro vi o Luiz Vergueiro do outro lado da rua, o que daria uma diferença de 2 ou 3 minutos no máximo. Pensei em forçar para alcança-lo, e foi uma ideia ruim ou uma coincidência chata pois na curva do quarto quilômetro diminui para pegar uma água e me deu uma cãibra leve. Parei, fiz um pequeno alongamento na calçada, e voltei a correr mais leve. Não alcançaria o Luiz nunca mais na prova.

Não sei realmente o que aconteceu, estava com o Gel Gu tomado a poucos instantes, tomei capsulas de sal, tinha preparo para aguentar os 21 km, mas o corpo não respondia bem. Ao fazer a passagem pela área de transição (km 5 mais ou menos) vi que a meia maratona ia sem complicada. 

O treinador Silvio estava agora posicionado próximo a chegada da volta de 7km da corrida, passávamos 2 vezes por ele antes de fechar a volta. Ele me deu um pouquinho de sal grosso e disse para eu engolir tudo, informando que o sal iria me dar sede. Bom,  de fato isso aconteceu, mas o burro aqui ao passar pela hidratação pegou uma garrafinha de coca-cola e bebeu um pouco ao invés da água. Sabem o que acontece com a coca-cola ao ter contato com sal? Sim, ela expande em gases que ficarão presos no seu estômago. Resultado: arrotos constantes a prova toda. Mas foi bom, a cãibra não voltou mais (coincidência ou não).

Completei a primeira volta de 7 km em 34 minutos aproximadamente, o que é fraco para meu condicionamento atual. Abri a segunda volta e esqueci de tomar o gel (programado a cada 7 km) e só fui lembra-lo na altura do décimo quilômetro, quando não havia postos de água. Fiquei correndo com o gel na mão e olhando para o chão, na esperança de algum outro corredor ter deixado um resquício de água ou isotônico perdido, mas só achei mesmo no posto de água próximo ao 12 km.

Ventava muito, mas eu estava tão cansado que nem sei se o vento atrapalhou. De qualquer forma, já escutei que "pegar vácuo" na corrida também ajuda, então procurava pessoas para poder me esconder do vento. Naquela altura do campeonato, qualquer ajuda ínfima seria bem vinda. 

Como disse anteriormente, pensei muito no Ironman nesta a prova no formato 70.3, e neste momento refletia que se o Ironman fosse aquele dia, eu não estaria preparado para correr a maratona final. Tenho certeza que a prova do Challenge me ajudou muito, especialmente a pensar que o desafio será enorme e que tenho muito pela frente para me condicionar. Era o momento certo para errar.

Voltando a corrida um pouco ao tempo, ainda não havia chegado nos 10 km e o joelho esquerdo começou a sentir a mesma dor da Maratona de Chicago, em menor proporção (lembrando que em Chicago o que doeu foi o joelho direito). Comecei a tentar fazer uma passada que poupasse o joelho, mas fiquei com medo de forçar o outro. Faltava energia, postura e até ânimo. Não sabia o que poderia ter feito para voltar a curtir a correr. Sabia que ia me arrastar até o final dos 21km, e que não iria desistir. Cainhei mais uma vez no km 10 por alguns segundos.

Nesta volta os triathletas da Run & Fun Ricardo Sucupira e Fernando Ferreira (Mani) faziam companhia ao Silvio e deram boas palavras de motivação. Ele foram para Floripa apenas para nos acompanhar durante os dias de competição.

O meu pace ia ladeira abaixo, os batimentos cardíacos iam subindo e nada do panorama mudar do sofrimento mudar para a diversão costumeira. Fechei a segunda volta com 01:12:00 e ai sabia que era só fazer mais uma volta de 7km para acabar a prova. 

Ao abrir a terceira volta, uma leve chuva começou a cair. Naquele momento já não sabia se era bom ou ruim, a temperatura não estava elevada, o tempo estava fechado, o vento continuava forte e a chuva poderia refrescar, mas também poderia esconder buracos no asfalto ou encharcar o tênis. No final, não choveu e só teve uma garoa boa por alguns poucos minutos.

Na terceira volta parei no 15 km para mais uma caminhada próxima a área de transição. Foi rápida, cumprimentei a Denise que estava passando e voltei a correr. No km 18 o pace foi parar quase a 6:20 min/km, e tenho certeza que não corro assim desde os primeiros meses de treinamento lá em 2012. Estava mal, mas não iria ser derrotado por uma corrida ruim.

Me recompus, tirei um pouco de energia de onde não tinha, levantei a cabeça e voltei a correr. Ao cruzar pelo Vergueiro mais uma vez comecei a brincar com ele chamando-o de "bosta" e "merda" como nosso treinador Sales faz. A brincadeira foi boa, o pessoal que assistia começou a rir e nós também entendemos um ao outro como incentivo. 

Chegar no km 19 foi difícil, no 20 km eu só pensava em finalizar seja qual for o tempo e depois olharia no relógio ao completar os 21.085 metros para ver o tamanho do "estrago". Passei pela transição (cada volta passava 2 vezes atrás da transição), me dirigi a avenida aonde o Silvio estava e fiz as mesmas brincadeiras que havia feito com o Vergueiro. 

Ao cruzar pelo Silvio pela última vez na terceira volta, perguntei quantos quilômetros faltavam e ele me disse: "Já chegou, faça a curva e está acabado". O Silvio estava com um sorriso imenso no rosto, uma satisfação de ver seu pupilo terminando a prova. Eu estava com uma cara de morto, de acabado e com dores, mas não estava derrotado. 

Passei por ele, nos cumprimentamos e fui para fechar a prova. Antes de chegar ainda tive força para brincar com uma fiscal e perguntar a ela se eu poderia fazer mais uma volta de 7 km antes de terminar. Ela não entendeu no inicio a brincadeira, depois que disse que há havia feito os 21 km e queria dar mais uma volta de 7 km ela começou a rir e me apontou o lado certo que eu deveria seguir.

Entrando portico de chegada um pai pegou seu filho de uns 3 ou 4 anos e foram juntos cruzar a linha. Linda homenagem, mas quase me derrubou (risos). 

Cruzei a linha de chegada morto, cansado e sem pensar direito. Só tive forças para continuar em frente e poucos metros adiante encontrei a Mandi me esperando para o beijo mais gostoso da prova. 

UFA, o sofrimento havia acabado. E eu sempre me orgulho de dizer que a corrida é a hora da diversão... QUE NADA....


A corrida foi bem pensada pela organização, voltas de 7km em trecho plano, hidratação com água (faltou no final, mas tá bom), isotônico powerade e coca-cola a vontade, trajeto bem sinalizado e seguro. 

Não vi banheiros, talvez se tivesse visto eu teria parado para um rápido "número 1", e vi também alguns atletas fazendo o seu xixi nas redondezas da prova. 

Vi poucas pessoas passando mal na corrida, muitos caminhando e algumas pessoas passando voando por mim como se estivessem fazendo provas de 5km ou treinos de tiros.




Para quem esperava uma meia maratona para 01:40:00, tive que me contentar uma corrida de 01:53:30 com pace médio de 5:24 min/km.

Resumo

Em linhas gerais, a experiência de encarar o primeiro 70.3 / Triathlon Long Distance / Meio Ironman foi maravilhosa. Esperava um tempo de 05:30:00 no total, e fiz um pouco abaixo disso, se considerar a natação como meia distancia.

Superei meu medo de mar por completo, aprendi dicas ótimas de provas longas, caiu material da bike e isso não vai se repetir mais, senti falta de preparo da corrida e não me coloquei em situações de risco.

Além de fatos aonde aprendi com erros, consegui tirar alguns pontos positivos que me deixaram motivados. A bike com 33.7 km/h é um bom indicativo que numa prova dura, com vento e subidas dá para tirar "leite da pedra" fazer bonito, mas sei que isso é só o começo e vou precisar me esforçar mais.

Vou ter que melhorar a corrida ou a transição, ver o que está me minando e corrigir urgentemente para não comprometer minha corrida.

Um agradecimento especial a Mandi, a melhor companhia que eu poderia ter nestes momentos de pura tensão e adrenalina, por encarar 9 horas de estradas comigo, tirar as malas do carro, correr de lá pra cá no sábado embaixo de sol, tirar fotos de tudo, me ajudar a arrumar as mochilas, ajudar nas refeições, ir dormir cedo sem sono, acordar as 4 da manhã morrendo de sono, ajudar arrumar tudo da preparação no local de transição, me dar um super abraço antes de sair para a largada (sabendo que tenho dificuldades com a natação), por dirigir o carro quando precisava, pelos beijos durante a prova, por torcer por mim e por meus amigos, tomar chuva, tomar muito sol, vento com poeira no rosto, comer mal, carregar mochila pesada, subir ruas, descer ladeiras, por ser tudo isso e continuar com um sorriso lindo durante todo tempo. TE AMO !!!!








A organização da prova (todas as modalidades) foi boa / muito boa, mas achei um pouco deficiente no número de pessoas entregando os Kits, fazendo o bike check-in, entregando águas e outros pontos de gestão. O simpósio foi razoável mas muita bagunça e mudanças estranhas nos horários. 

Sobre a água, não tem o que fazer, é um problema meteorológico mas o anúncio de mudanças deveria ter um pouco mais de antecedência. 

O suporte para problemas de bikes foi razoável, o pós-prova foi bom e teve muito atraso nas medalhas. 

Mas, de tudo, o que levei da prova foi a amizade de todos da Run & Fun que me acompanharam. Amigos de verdade, cada um com sua característica, mas que vão ficar guardados para sempre por estarem juntos neste grande desafio de triathlon.

Duas menina fizeram pódium em sua categoria. A Kami ficou em segundo e em nono geral feminino, e a Denise em terceiro. A Vera não foi mal, pegou quarto na categoria, e se não tivesse sido penalizada, quem sabe não teria pego segundo ou até primeiro. Tadinha, ela estava chateara no final da prova.

A Lu Porto, monstrinha como sempre, fez um tempo ótimo para seu primeiro meio ironman, logo logo vai estar com trofeus nas mãos. O revezamento da Poly não foi tão bom como esperado, pois a menina que ia fazer a corrida teve problemas sérios com amigos e não conseguiu render.


Os homens não fizeram feio, o Rafa fez um puta tempo e o Luiz continua um monstro. O Duca (marido da De) foi bem, o Fred teve mais dificuldade na corrida por causa do problema nas costas, o Carlão fez um tempo bom o Willian teve uma queda que comprometeu o resultado.

Foi, de toda forma, perfeito para enxergar e trilhar meu caminho até o Ironman. Me mostrou que tenho muito chão pela frente, muita coisa a aprender e melhorar e que finalizar o Ironman não será fácil.

Fiquei em 69 de 219 pessoas da minha categoria.... Feliz da vida, e sabendo que posso melhorar ainda mais....



Sabe que dia foi a prova do Challenge Florianópolis? Foi dia 30 de novembro, o que dá EXATOS 6 meses para o Ironman em 30 de maio de 2015.

A contagem regressiva já começou, o milestone de 6 meses já soou o gongo e me lembrou que o dia do grande marco da minha vida está chegando.

E que venham os próximos treinos, provas e desafios !!!!


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