VOLUME OU SUPLEMENTAÇÃO?
- Escrito por Danilo Balu
- Imprimir
Provavelmente mais por causa da formação e menos pelos recordes pessoais, uma das coisas que os menos experientes me perguntam é: "Qual suplemento eu devo tomar pra melhorar?" Outra, dessa vez por causa do meu trabalho é: "Qual o melhor tênis pra correr bem?"
Um dos livros mais interessantes que li é o Outliers no qual Malcolm Gladwell desenvolve a lei das 10.000 horas que seriam um denominador comum entre os melhores de suas áreas. A corrida é o esporte dos pacientes. Os grandes corredores, além de pacientes, são constantes e dedicados. É uma característica comum a eles. Porém, num mundo apressado, paciência é virtude.
Certa vez aqui no Recorrido eu falei minha teoria. Pegue dois gêmeos ou então 2 indivíduos biologicamente muito semelhantes. Para saber qual dos 2 correrá melhor depois de meses de treino, basta apenas UMA ÚNICA pergunta: qual o volume que cada um correu. Sem saber seu treinador, seus métodos de treino, sua suplementação, seus equipamentos a resposta é simples: o que tiver corrido maior volume ganhará.
A corrida de longa distância é de quem treina mais, roda mais, é o esporte dos teimosos e insistentes. Os métodos de treinamento passaram a importar mais quando não havia mais onde colocar quilômetros na semana de atletas que passavam a regime de quase profissional. Passaram a correr quase 100km por semana, depois 150km, chegaram a 200km ou mais. Eu sei que haverá treinador que terá urticária, mas não dá pra competir com quem treina o dobro que você mesmo sem nunca ter lido uma linha sobre treinamento.
Por que falo isso? Porque semana passada um levantamento incrível revelou: corredor amador que treina (corre) mais é mais rápido na Maratona. Ponto final! Não tem segredo! Não é o que você toma antes ou depois do treino, mas quantos quilômetros você colocou no lombo. Não é a marca do tênis e sim quantos dias você saiu pra treinar, independente do clima. Não é a metodologia de cálculo de carga, é quem cumpriu mais do que estava proposto, não importa o ritmo.
Um dos grandes problemas do doping que é muito pouco discutido é como ele nos atrapalha a entender quais métodos são os melhores. Confusão igual à que genética e a individualidade biológica geram. Alguns treinos servem pra uns e não servem pra outros. Mas tirando os pontos fora da curva, quem dedicou mais, ganha mais. O cara que chega lá na frente cansou de correr e treinar na chuva, no frio, na subida, no calor, com sono, triste, na garoa, de ressaca, indisposto, com leve dor de cabeça, depois do trabalho, antes da aula…
Visto dessa maneira, é muito secundário ficar discutindo se seu último longo deve ser de 32km ou 36km. É “perda de tempo” discutir se seu tiro deveria ser 5 ou 10 segundos mais rápidos ou mais lento. O que vai importar é se seu adversário vai fazer 50km e você 90km por semana… se estão ambos no mesmo percentil ou quadrante, você vai dar uma surra nele, não importa o treinador. A diferença não é o que se toma, o tipo de treino que você fez/faz ou o modelo de tênis. A diferença estará sempre no odômetro.
O RunKeeper NÃO te faz melhor, mas ele dedura que quem treina mais, corre mais rápido. BCAA é pra quem é mal orientado ou está com preguiça de muita dedicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário